O produto interno bruto (PIB) do Brasil teve um crescimento de 1,2% no primeiro trimestre do ano, comparativamente ao último de 2020, o que deixa a economia operando em níveis pré-pandemia. O resultado foi divulgado nesta terça (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e veio melhor que o ponto médio (mediana) das expectativas de mercado, que era de 0,8%.
"A reabertura da economia brasileira no começo do ano contribui fortemente para a retomada no primeiro trimestre e, externamente, a recuperação da economia global também contribuiu para o avanço da nacional, haja visto a importância do setor externo no crescimento do país", afirma Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos.
Frente ao mesmo trimestre de 2020, o PIB apresentou crescimento de 1,0%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em março de 2021, o PIB caiu 3,8%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O desempenho registrado no primeiro trimestre deve dar um novo impulso às expectativas de crescimento da economia brasileira em 2021. Instituições financeiras já projetam uma expansão de 5%, o que seria a maior em dez anos. Na segunda (31), a mediana das expectativas de bancos, corretoras e consultorias, ouvidas pelo Banco Central (BC) no relatório Focus, sinalizou para uma alta de 3,96%, a sexta seguida.
Um dos impulsionadores do crescimento da economia tem sido as commodities, que passam por um ciclo favorável nos preços devido à recuperação robusta da economia mundial, que tem projeção de crescimento de 6%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), um ambiente de taxas de juros ainda baixos e estímulos fiscais e monetários nas principais economias do mundo.
Agropecuária puxa bons resultados
A agropecuária puxou os bons resultados no primeiro trimestre. O PIB setorial cresceu 5,7%. Indústria (0,7%) e serviços (0,4%) tiveram avanços mais tímidos.
Nas atividades industriais, quem puxou o desempenho foram as indústrias extrativas (3,2%), Também tiveram taxas positivas a construção (2,1%) e o grupo eletricidade e gás, esgoto e atividades de gestão de resíduos sólidos (0,9%). A indústria de transformação fechou com retração de 0,5%.
Nos serviços, os destaques foram transporte, armazenagem e correio (3,6%), intermediação financeira e seguros (1,7%), informática e comunicação (1,4%), comércio (1,2%), atividades imobiliárias (1%) e outros serviços (0,1%). A única variação negativa veio da administração, saúde e educação pública (-0,6%).
Segundo o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a principal surpresa foi o setor de serviços, com destaque especial para transportes. "Naturalmente essa surpreza já encomenda um viés altista para a recém alterada projeção de 3,5% do PIB para este ano. Vale pontuar que a "insensibilidade" às restrições de mobilidade nesse trimestre removeu marginalmente o otimismo em relação à recuperação no segundo semestre, mas nada que seja suficiente para reverter a grande surpresa observada."
Em comparação com 2020, a agropecuária cresceu 5,2%. O IBGE atribui o resultado a dois fatores: "pelo desempenho positivo de alguns produtos com safra relevante no primeiro trimestre, como soja, fumo e arroz, e pela produtividade, visível na estimativa de variação da quantidade produzida vis-à-vis a área plantada."
No comparativo com igual período do ano passado, a indústria cresceu 3%. A maior expansão foi registrada pela indústria da transformação (5,6%), influenciada pela fabricação de máquinas e equipamentos; produtos de metal; produtos de minerais não metálicos e metalurgia. Já os serviços apresentaram declínio de 0,8% frente ao primeiro trimestre de 2020.
Investimento forte ajuda na expansão no 1° trimestre
Segundo o IBGE, a formação bruta de capital fixo - indicador que mede os investimentos produtivos - teve um forte crescimento de 4,6%. O consumo das famílias teve uma queda de 0,1% e o do governo, 0,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram crescimento de 3,7%, enquanto as importações de bens e serviços aumentaram 11,6% em relação ao quarto trimestre de 2020.
Comparado ao primeiro trimestre de 2020, os investimentos cresceram 17% nos três primeiros meses deste ano. A taxa é a maior desde o segundo trimestre de 2010. De acordo com o IBGE, contribuiram para esse resultado o aumento da produção interna de máquinas e equipamentos, os impactos do Repetro e o crescimento no desenvolvimento de softwares.
O aumento da inflação e os impactos negativos da pandemia no mercado de trabalho, que contribuíram para reduzir o número de ocupações e a massa salarial real, afetaram o consumo das famílias. Houve uma queda de 1,7% na comparação com o mesmo período de 2020. A despesa de consumo do governo apresentou queda de 4,9%.
Recuo de 3,8% no acumulado de quatro trimestres
No acumulado de quatro trimestres terminados em março de 2021, o PIB acumulado recuou 3,8% em relação aos quatro trimestres anteriores. Nessa comparação só a agropecuária cresceu, com uma expansão de 2,3%.
Na análise da demanda, o consumo das famílias e do Governo caíram, ambas, 5,7%. Já a formação bruta de capital fixo apresentou alta de 2,0% No setor externo, as exportações de bens e serviços recuaram 1,0%, enquanto as importações de bens e serviços apresentaram queda de 9,2%.
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