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O PIB do primeiro trimestre cresceu 1,9% contra os últimos três meses do ano anterior, segundo dados divulgados nesta quinta (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o melhor começo de ano desde 2010, quando a economia brasileira cresceu 2,2%.
Os números foram impulsionados pelo bom desempenho da agropecuária, a resiliência do setor de serviços e a boa performance dos segmentos mais expostos à transferência de renda por parte do governo federal.
Os dados vieram melhores do que as expectativas de mercado. A mediana das projeções coletadas pelo serviço de informações financeiras Broadcast, de "O Estado de S. Paulo", era de 1,2%.
Frente ao mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 4,0%. No acumulado dos quatro últimos trimestres, o PIB subiu 3,3% ante os quatro trimestres imediatamente anteriores.
Os bons números do campo
A agropecuária teve um crescimento de 21,6% no primeiro trimestre. "Problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária ano passado e esse ano estamos com previsão de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produção. A safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da Agropecuária”, analisa a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Ainda no campo positivo, o setor de serviços, que tem o maior peso no indicador, cresceu 0,6% no período. O resultado foi puxado, principalmente, pelas altas nos setores de transportes e atividades financeiras, ambos com crescimento de 1,2%.
“A alta no setor dos transportes foi influenciada tanto pelo transporte de carga quanto o de passageiros e nas atividades financeiras, foi puxada pela parte de seguros, pois o valor dos prêmios cresceu, mas o dos sinistros caiu, e o setor tem um ganho quando acontece isso”, pontua Palis.
A indústria apresentou estabilidade (-0,1%) no primeiro trimestre de 2023. “A queda na indústria de transformação foi influenciada pelas quedas de bens de capital e bens intermediários, enquanto a atividade de eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos subiu 6,4%, visto que estamos em um momento de boas condições hídricas, sem escassez”, pontua Palis.
Consumo das famílias aumenta e investimento cai
Pela ótica da despesa, o consumo das famílias (0,2%) e o consumo do governo (0,3%) apresentaram variações positivas, enquanto a formação bruta de capital fixo, como os economistas chamam o investimento, (-3,4%) registrou queda.
O setor externo contribuiu positivamente para o crescimento, já que as exportações de bens e serviços tiveram variação negativa de 0,4% ao passo que as importações de bens e serviços caíram 7,1% em relação ao quarto trimestre de 2022.
Taxa de investimento cai e poupança aumenta
No primeiro trimestre de 2023, a taxa de investimento foi de 17,7% do PIB, abaixo da observada no mesmo período de 2022 (18,4%). Já a taxa de poupança foi de 18,1%, acima da taxa registrada no mesmo período de 2022 (17,4%).