Ao lado da presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no Palácio do Planalto, Guido Mantega admitiu que o PIB pode ter crescido “um pouco menos de 3%”, até então a pior expectativa do governo| Foto: Antonio Cruz/ABr

2012 será melhor, preveem economistas

João Pedro Schonarth

O número do IBC-Br divulgado ontem está dentro do que era esperado pelos analistas, mas divide opiniões de economistas sobre a qualidade da taxa. A unanimidade entre eles é que 2012 será um ano melhor, com recuperação do crescimento, baseado no mercado interno.

O professor de Economia da UFPR José Guilherme Vieira acredita que um motivo de comemoração é o fato de o desaquecimento da economia brasileira não ter levado ao aumento do desemprego. "Apesar de a taxa ser pouco mais de um terço da verificada em 2010, a base foi alta e o resultado foi bom. Mostra que o Brasil sofreu relativamente pouco os impactos da crise. Para 2012, a projeção é de recuperação, principalmente porque as questões estão um pouco mais claras em relação ao problema na Europa", argumenta. Vieira lembra ainda que anos de eleição são indutores de crescimento, devido a obras feitas por administradores.

Para o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desen­vol­vimento Econômico e Social (Ipar­des), Gilmar Mendes Lou­renço, apesar de ser uma taxa "magrinha", a estimativa de crescimento divulgada pelo Banco Central é um indicador de que a economia seguirá em alta em 2012. Ele cita três motivos para se acreditar em um crescimento de até 4% neste ano: as medidas de afrouxamento de crédito e a redução de taxa de juros; a manutenção dos níveis de emprego; e o aumento do salário mínimo. "A demanda do mercado interno vai continuar em alta e vai sustentar a recuperação, em um cenário em que os Estados Unidos e a Europa vão estar retraídos", diz.

O professor de Economia da PUC-PR Carlos Magno Bittencourt também considera o resultado de 2011 fraco. Ele crê que o crescimento deste ano, que deve ficar entre 3,5% e 4%, será baseado na economia doméstica. "O mercado interno já se adaptou à apatia dos países em crise e será a economia doméstica que vai puxar o crescimento."

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A economia brasileira cresceu 2,72% em 2011, segundo estimativa divulgada ontem pelo Banco Central. Se esse índice for confirmado, significa que no ano passado a atividade avançou abaixo até das previsões mais pessimistas do governo, que citavam pelo menos 3% de expansão do PIB. Apesar dessa frustração, os dados vieram dentro do esperado pelo mercado financeiro e reforçaram a análise de que o "fundo do poço" ficou para trás, já que a atividade econômica voltou a crescer no fim do ano.

Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do ano passado frustrou parte da equipe econômica que, otimista, previa desempenho pouco melhor. Em Brasília, a aposta mais pessimista era do BC, que trabalha com expansão do PIB de 3% em 2011. No Ministério da Fazenda, que já trabalhou com a aposta de que a economia cresceria 3,8% em 2011, a expectativa mais recente era de 3,2%.

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Os números de ontem, porém, levaram o ministro Guido Mantega a ser mais cauteloso. "Será em torno de 3%, um pouco mais ou um pouco menos", disse. Ao minimizar o dado do ano passado, o ministro argumentou que é preciso olhar para os próximos meses: "Esse PIB já ficou para trás e estamos caminhando para um PIB maior em 2012. Várias condições estão mais favoráveis."

Reação

O levantamento mostra que a prévia do PIB cresceu 0,57% em dezembro na comparação com novembro, na segunda alta mensal seguida e dentro do esperado pelos economistas. O movimento sinaliza recuperação após a contração da atividade vista entre agosto e outubro, quando o indicador caiu mês a mês.

Economistas dizem que números dos últimos meses de 2011 revelam que a economia começou a reagir à série de medidas adotadas pela equipe econômica desde agosto para incentivar a demanda. Além da queda dos juros e do incentivo ao crédito, o cenário internacional também colabora porque o noticiário tem trazido alguns sinais de reação, especialmente nos Estados Unidos.

Fogo baixo

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"A economia brasileira está aquecendo gradualmente", afirmou o Banco Itaú em relatório distribuído aos clientes. Em tom parecido, a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, disse que os números vieram dentro do esperado e indicam apenas a "virada" após meses de retração. "Não é uma super recuperação. Mas é inquestionável que começamos a melhorar", disse Maristela.

A economista pontua, porém, que a reação pode ter algumas turbulências ao longo dos próximos meses. "Estamos apenas voltando à normalidade e o crescimento mais forte e evidente só será visto no segundo semestre", afirma.

Mantega crê em expansão de 4,5% neste ano

Agência O Globo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que existem condições favoráveis para que a economia do país cresça mais este ano. Para Mantega, o indicador do Banco Central demonstrou que nos últimos meses de 2011 houve uma aceleração da economia, depois da desaceleração ocorrida em setembro e outubro.

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"Inclusive para a indústria, que mais acelerou em novembro e dezembro, mostrando que o setor que estava com dificuldades econômicas e está na rota da recuperação. Entramos em 2012 com a economia acelerando", disse Mantega. O resultado oficial do desempenho da economia brasileira será divulgado apenas no início de março, pelo Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE).

Juros menores

Segundo Mantega, o crescimento do país em 2012 será ajudado pela desaceleração da inflação que, na avaliação dele, está ocorrendo e possibilita ao BC fazer uma política monetária "mais flexível". Com isso, disse o ministro, o crédito tende a aumentar mais com taxas de juros menores.

Em cerimônia no Palácio do Planalto, Mantega reforçou que espera que o país tenha um crescimento maior neste ano, de 4,5%. "Com certeza o crescimento vai ser maior, porque já começamos a tomar medidas no ano passado para reduzir custo financeiro, aumentar crédito e incentivos fiscais. Não tenho dúvidas de que vamos acelerar, vamos em busca desse resultado de 4,5% em 2012. Estamos reunindo várias condições favoráveis. O investimento será privilegiado pelo governo em 2012", disse o ministro.

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