O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 1,9% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre deste ano, informou na manhã desta sexta-feira (28) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, quando a economia sentia os efeitos da crise internacional que emergiu com o colapso do sistema financeiro nos Estados Unidos.
Na comparação com o segundo trimestre de 2014, o PIB recuou 2,6% no segundo trimestre deste ano. Com o dado divulgado hoje, o PIB recuou 2,1% no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período de 2014, e acumula queda de 1,2% em 12 meses até o segundo trimestre de 2015. Ainda segundo o instituto, o PIB do segundo trimestre do ano totalizou R$ 1,428 trilhão.
Nenhum segmento produtivo escapou da retração no trimestre. A maior queda foi registrada pela indústria, cujo produto caiu 4,3% em comparação com o primeiro trimestre. A agropecuária teve queda de 2,7%, seguida pelo setor de serviços (retração de 0,7%).
Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, a produção agropecuária foi a única com saldo positivo – expansão de 1,8%. O tombo da indústria foi de 5,2% e o do setor de serviços foi de 1,4%.
Do lado da demanda, o consumo do governo foi o único que cresceu no segundo trimestre, 0,7% em relação ao registrado nos três primeiros meses do ano. O consumo das famílias, que vinham segurando o crescimento econômico até o ano passado, teve retração de 2,1%. Chama a atenção o aprofundamento da queda do investimento, que registrou recuo de 8,1% no trimestre.
Nenhum elemento de demanda cresceu no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. O investimento, nessa base de comparação, caiu 11,9%, seguido pelo consumo das famílias (-2,7%) e pelo consumo do governo (-1,1%).
A taxa de investimento no segundo trimestre foi de 17,8% do PIB, abaixo dos 19,5% do segundo trimestre de 2014. Já a taxa de poupança ficou em 14,4%, ante 16% em igual período de 2014.
Recessão
Este foi o segundo trimestre seguido de retração do PIB, o que configura o que os economistas chamam de recessão técnica. No entanto, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) já estabeleceu que o Brasil entrou em recessão no segundo trimestre de 2014 – ou seja, estamos no quinto trimestre seguido de recessão, a mais longa pelo menos desde 1998/1999, quando o Brasil sentiu os efeitos da crise na Rússia e teve de desvalorizar o real.
Como a contração da economia deve continuar por mais dois ou três trimestres, esta deve se tornar a recessão mais longa desde o período 1989/1992, quando o país enfrentava a hiperinflação e passou pelo Plano Collor, que confiscou a poupança.