O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda (8) que a economia brasileira vai crescer de forma lenta e gradual, devendo atingir entre 3% e 4% no último trimestre de 2009 e o mesmo percentual em 2010. Para este ano, o ministro projeta crescimento de 1%. Segundo ele, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços gerados no país), a ser divulgado amanhã (9), será negativo, mas refletirá uma situação do passado.
Não se deve fixar a atenção no retrovisor, porque o país já vive outra realidade, disse Mantega, apontando nítidos sinais de retomada da economia. Ele reconheceu, porém, que, por enquanto, o desempenho da atividade produtiva ainda será fraco e mais concentrado na construção civil e nos setores que receberam incentivos fiscais, como, por exemplo, a indústria automobilística, por meio da redução do Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI) na venda de veículos novos.
Mantega adiantou que esse incentivo, previsto para vigorar até o final deste mês, não deverá ser novamente prorrogado. Tanto essa medida quanto os benefícios concedidos ao setor da chamada linha branca (fogões e geladeiras, por exemplo), foram recursos provisórios para dar tempo economia de se recuperar. À medida que a economia demonstra que caminha com as próprias pernas, então, podemos retirar esses estímulos.
O ministro fez as declarações logo após participar do 5º Fórum da Globonews, que discutiu ações contra a crise. No encontro, Mantega afirmou que o crédito interbancário já sendo normalizado e que o governo espera uma reação favorável do próprio mercado interno. Para ele, a partir do segundo semestre, o Brasil deverá ter superado as dificuldades de crédito e de financiamento externo. Ele aposta em uma recomposição dos mercados externos, porque alguns países estarão crescendo um pouco mais e comprando as mercadorias brasileiras.
Mantega informou também que deve sair, ainda nesta segunda, a medida provisória (MP) com as regras de operação do Fundo Garantidor de Crédito para a Pequenas e Médias Empresas. Por meio desse fundo, o governo disponibilizará cerca de R$ 1 bilhão em linhas a serem obtidas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de R$ 4 bilhões no Banco do Brasil.
Segundo o ministro, isso significa que os empréstimos podem atingir até oito vezes mais esses valores, ou até R$ 32 bilhões, porque a quantia disponibilizada tem o objetivo apenas de cobrir eventuais inadimplências. Ele observou que, no caso do fundo criado para a indústria naval para atender as encomendas da Petrobras, os recursos atingiram R$ 5 bilhões.
Durante apresentação no encontro, o ministro disse que o grande desafio será o de baixar o spread bancário (diferença entre a taxa de captação das instituições financeiras e a cobrada nos empréstimos). Enquanto é praticada uma taxa de juro real em torno de 5%, o tomador está pagando 28%, 30% e até 40%.Ele reiterou que o governo pretende continuar estimulando a concorrência por meio dos bancos públicos.
Em resposta ao economista José Roberto Mendonça de Barros que criticou o aumento do gasto público, Mantega disse que foi fundamental para atenuar os efeitos da crise financeira internacional o fato de o governo ter ampliado os recursos para investimentos como, por exemplo, o aporte de R$ 160 bilhões por meio do BNDES.