O segundo trimestre deve ser pior, entre outros fatores, por causa dos efeitos do aumento dos juros básicos da economia| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre de 2014 foi menor que previam analistas – 0,6%, segundo levantamento da Bloomberg – mas não afasta o pessimismo para os próximos meses.

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Com os dados divulgados nesta sexta (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado começa agora a rever as suas projeções para o segundo trimestre. E as expectativas ficaram ainda piores.

De cinco consultorias consultadas pela reportagem, todas trabalham com nova queda no PIB no segundo trimestre. Duas revisaram estimativa para uma retração maior no período, duas mantiveram estimativas e apenas uma considera que o tombo poderá ser menor.

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A GO Associados estima queda de 1% no PIB no segundo trimestre, ainda pior que os 0,6% estimados anteriormente.

“A troika consumo do governo, consumo das famílias e investimentos vão continuar em queda. Só que na agropecuária não devemos ver novamente um resultado tão positivo para ajudar o PIB”, explica Fabio Silveira, economista da GO Associados.

Do lado da produção, a agropecuária foi o único setor da economia a registrar resultado positivo no primeiro trimestre (4,7%), puxado pelo incremento da safra de verão.

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Efeito Selic

Silveira também considera que no segundo trimestre vai ser pior, entre outros fatores, por causa dos efeitos do aumento dos juros básicos da economia, a taxa Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Um novo aumento da Selic é esperado para a semana que vem.

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“Os efeitos dos juros sobre o nível de atividade leva de seis a nove meses para acontecer. Então, no segundo trimestre, vamos ver mais desemprego e queda da renda por causa do aperto monetário”, acrescenta Silveira.

Na Bozano Investimentos, o analista econômico Bernard Goni intensificou a queda esperada para o PIB do segundo trimestre, de 1% para 1,2%. Ele vê uma piora generalizada da economia.

“O primeiro trimestre não foi o fundo do poço. Os indicadores de confiança de empresários e consumidores mostram que podemos esperar desemprego maior, renda real em queda, consumo mais fraco, menos investimento”, disse.

Goni lembra que o avanço dos juros encarece o crédito para consumidores – afetando as vendas de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos – e também produtores, que tem maior custo para capital de giro.

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Estoques

Na consultoria LCA, a expectativa de curto prazo para o PIB foi mantida: queda de 0,5% a 1% no segundo trimestre, refletindo “principalmente uma aceleração do processo de correção de estoques indesejados na economia brasileira”. Para o ano, contudo, a LCA não descarta receber as projeções para 2015, atualmente de queda de 1,5%.

“É bastante provável que esse número seja revisto ligeiramente para melhor, por conta de uma perspectiva mais favorável para a agropecuária e menos negativa para a construção e para a FBCF [investimento]”, avaliou a consultoria em relatório divulgado nesta sexta-feira (29).

Sérgio Vale, economista da MB Associados, espera uma retração de 1,2% do PIB no segundo trimestre, em comparação aos três meses anteriores. A MB acertou ao prever a queda do PIB em 0,2% no primeiro trimestre.

“O problema do atual governo é que um ajuste que deveria ser rápido se estende além da conta com inúmeras incertezas no meio do caminho, como o tamanho do ajuste e se o Levy vai ficar ou não”, afirma Vale.

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André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, previa uma queda de 0,5% do PIB. Para o segundo trimestre, ele melhorou sua previsão de queda do PIB de 1% para 0,8%.

“Eu melhorei por causa dos dados do setor externo, mas o segundo trimestre será pior. Será pior porque é quando o corte do orçamento anunciado pelo governo será sentido com mais força”, diz Perfeito. “O governo tem que mostrar serviço logo na área fiscal e o corte agora será mais forte”.