Após o desempenho ruim da economia no segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de toda a renda gerada no país) avançou em julho, com uma melhora na indústria e no comércio. Mesmo assim, o ritmo foi insuficiente para que o saldo do trimestre voltasse ao azul, mostrando que a atividade econômica continua estagnada, com perdas na indústria e nos serviços.
De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por meio do Monitor do PIB, houve crescimento de 1,88% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal.
Apesar disso, ainda há recuo de 0,94% no trimestre de maio a julho em relação ao período anterior (fevereiro a abril), segundo os dados."O que chama a atenção é que continuamos tendo dois trimestres com taxas negativas, já que entre fevereiro e abril houve queda de 0,04%. Além disso, o recuo do trimestre até julho é ainda mais intenso do que o apresentado pelo IBGE (no segundo trimestre)", disse Claudio Considera, pesquisador associado do Ibre, responsável pelo Monitor e que já esteve à frente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, responsável pelo cálculo oficial do PIB.
No segundo trimestre, o PIB recuou 0,6% em relação ao primeiro, que por sua vez já havia diminuído 0,2%. A sequência de dois resultados negativos caracterizou uma "recessão técnica". Os resultados positivos de julho são favorecidos por uma base mais fraca.
Em junho, a atividade econômica recuou 1,46% em relação a maio, que por sua vez já havia sido negativo. Os setores que melhoraram no início do segundo semestre, como indústria e serviços, foram justamente os que intensificaram a piora em junho, na esteira das paralisações causadas pela Copa.
O Monitor do PIB antecipa mês a mês os rumos da economia usando a mesma metodologia e as mesmas fontes de informação usadas pelo IBGE. Para as estimativas de julho, foram compiladas 60% das informações utilizadas. Mas o indicador definitivo não costuma diferir muito, segundo o coordenador.
Em relação a igual período de 2013, o PIB do trimestre até julho também permanece negativo. A atividade recuou 0,4% nessa comparação, segundo o Monitor, o que representa perda menos intensa do que o dado fechado no segundo trimestre (-0,9%) pelo IBGE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.