Refletindo um período que somou o ápice da crise fiscal europeia, inconsistência na retomada da economia norte-americana e sinais de desaceleração da China, a Bovespa fechou esta terça-feira (30) no vermelho, cravando o terceiro mês de baixa e o pior trimestre desde o fim de 2008.

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Após alta fraca na abertura, o Ibovespa reverteu com força no final, caindo 1,68 por cento, para 60.935 pontos, em meio a novos sinais erráticos sobre a recuperação da economia dos Estados Unidos.

Com isso, o índice recuou 3,3 por cento em junho. Em três meses consecutivos no vermelho, o indicador acumulou de abril a junho uma retração de 13,4 por cento, sua pior performance trimestral desde a quebra do Lehman Brothers.

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O giro financeiro da sessão ficou em 6,4 bilhões de reais.

Para profissionais do mercado, o movimento do dia ilustrou o estado de ânimo dos investidores, em que espasmos de apetite por risco são abreviados rapidamente, tão logo surjam novas incertezas no horizonte.

"Você tem economias precisando se recuperar, mas com altos déficits públicos e sem poder recorrer a novos estímulos fiscais, que tinham permitido uma recuperação inicial", disse Álvaro Bandeira, diretor de renda variável da Ágora Corretora.

O mote desta sessão foi um dado mostrando que o setor privado dos Estados Unidos criou apenas 13 mil empregos em junho, abaixo da mediana das previsões de economistas ouvidos pela Reuters, que projetava a criação de 60 mil empregos.

O dado acirrou o mau humor iniciado na véspera, quando o Conference Board revisou um dado indicando que a economia da China teve um crescimento mais fraco do que o anteriormente estimado no mês de abril.

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Com os Estados Unidos recuperando-se de forma irregular, a informação de que os bancos europeus estão com melhores condições de liquidez do que se temia ficou em segundo plano.

De novo, o setor de commodities, principal ligação comercial do Brasil com o mundo, foi o que mais sofreu na bolsa paulista. Em destaque, o papel preferencial da Vale tombou 2,9 por cento, para 37,91 reais.

Simultaneamente, a reação negativa dos investidores a notícias do âmbito corporativo doméstico acentuaram a pressão sobre o Ibovespa.

A pior do índice foi Brasil Foods, caindo 6,3 por cento, a 23,70 reais, após a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) ter recomendado na véspera restrições à união de Perdigão e Sadia, que deu origem à companhia.

O papel preferencial da Usiminas cedeu 3,2 por cento, a 48,11 reais. A empresa anunciou a organização de suas operações de mineração e logística na Mineração Usiminas, e acrescentou que a Sumitomo Corporation vai adquirir 30 por cento do capital da unidade por até 1,93 bilhão de dólares.

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As empresas de cartões, que começam na quinta-feira a era da competição total, encerrando mais de 15 anos de supremacia no setor, também retrocederam. Redecard perdeu 5,2 por cento, a 25,50 reais, enquanto Cielo teve declínio de 4,2 por cento, para 15,20 reais.

Em dia de bastante vaivém, Vivo terminou o dia com suas ações preferenciais desvalorizadas em 1,9 por cento, a 46,40 reais. O governo português usou sua golden share na assembleia da Portugal Telecom para barrar a venda da participação detida pela operadora portuguesa na Vivo à Telefónica.

Mais tarde, a Telefónica disse que o uso da golden share pelo governo português é ilegal e prorrogou o prazo para que a Portugal Telecom decida sobre o negócio até 16 de julho.

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