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Com operações em capacidade total desde as 9h da manhã desta segunda-feira (16), o Pix é motivo de aborrecimento para usuários que estão usando as redes sociais para cobrar explicação dos bancos. Os relatos são de instabilidade, falhas e erros indicados pelos aplicativos quando da tentativa de fazer transações por meio do sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central.
No Twitter, correntistas apontam desde dificuldades para localizar a opção de uso do Pix no app do banco até informações sobre mensagens de "instabilidade do Sistema Bacen Pix", erros e transações não concluídas ou demora, com transações "em análise, com previsões de processamento de até 60 minutos" – período extenso se comparado às operações concretizadas em até 10 segundos prometidas pelo BC.
A Gazeta do Povo localizou reclamações mais numerosas endereçadas a Itaú, Santander, Caixa e Nubank. Todas as instituições foram procuradas pela reportagem.
No próprio Twitter, o Itaú informou a usuários uma "indisponibilidade de acesso momentânea" no fim da manhã, mas que já estaria sendo corrigida. À Gazeta, o Itaú Unibanco informou que "o acesso ao app para clientes pessoa física está disponível" após "uma instabilidade de poucos minutos" durante a manhã desta segunda.
Em nota, o Santander informou não ter identificado instabilidades relevantes neste primeiro dia de operação ampla do Pix. Segundo a instituição, "É importante considerar que, por se tratar de um sistema integrado, é necessário que haja estabilidade nas instituições pagadora e recebedora dos recursos. Além disso, os pagamentos podem ser rejeitados caso haja qualquer divergência nas informações enviadas pelo pagador". O banco recomendou que o ideal é sempre utilizar uma chave Pix cadastrada pelo favorecido (celular, CPF, e-mail ou chave aleatória), o que evita erros de digitação e possibilita ao pagador conferir os dados do favorecido.
A Caixa também se manifestou em nota. No texto, informa que no início da manhã "houve uma intermitência pontual no serviço do Pix e que as operações impactadas serão automaticamente estornadas, sem prejuízo aos clientes". De acordo com o banco, "o serviço foi normalizado ainda pela manhã e, até o início desta tarde, já haviam sido cadastradas 170 mil novas chaves e realizadas mais de 200 mil operações".
Por fim, o Nubank avalia que o primeiro dia de operação foi bem sucedido. A empresa disse, em nota, acreditar que "em um primeiro momento da operação, algumas oscilações sejam esperadas à medida que o volume de transferências vá ganhando escala".
Pix não teve instabilidade, diz BC
Em coletiva de imprensa virtual no começo da tarde desta segunda-feira (16), representantes do Banco Central comentaram a situação, a começar pelo presidente a instituição, Roberto Campos Neto, que negou instabilidade.
“Importante diferenciar o que é instabilidade do sistema e o que são operações não executadas, ou seja em que o processo não foi completo. Então, instabilidade do sistema não teve nenhuma. Algumas operações não foram completas? Sim. Teve um volume maior que não foi completo em um banco ou outro", admitiu.
Campos Neto destacou ainda que o BC monitora situações de bancos com número maior de operações rejeitadas durante algum período do dia e garantiu que esses casos geram contatos diretos entre BC e os bancos para equacionar os problemas.
A avaliação do chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, Ângelo Duarte, também presente na coletiva, é de que problemas momentâneos são normais, principalmente em grandes instituições, com grande volume de clientes. Segundo ele, "esses problemas foram detectados, as instituições foram acionadas e imediatamente iniciaram um processo de ajuste nos seus sistemas".
"No momento a gente vê uma operação normal, dentro dos padrões de qualidade que a gente espera para o Pix", disse Duarte. "Já são mais de 400 mil operações liquidadas. A gente entende que no início da operação poderia haver problemas com algumas instituições específicas, isso já passou, está todo mundo operando muito bem dentro dos parâmetros de qualidade."
O presidente do Banco Central também defendeu que o Pix está em fase de aperfeiçoamento, mas que "hoje já é melhor do que foi no período de testes, inclusive na parte da experiência do usuário".
Nesse sentido, o diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, João Manoel Pinho de Mello, pontuou que, quanto mais os usuários se adaptarem ao sistema, melhor será a utilização do Pix. E defendeu o uso das chaves Pix para evitar problemas pontuais que teriam representado parcela significativa das falhas de manhã desta segunda.
"Cada vez mais, quando houver mais uso das chaves, essas operações que são rejeitadas, não completadas, vão diminuir", disse. "Parte dos erros de operação rejeitadas, que não foram completadas, é porque houve a tentativa de transferir, de fazer um Pix para um destino que é uma conta salário. E por regulamentação não pode. Então isso inclusive responde por uma fração relevante [das operações não completadas]", afirmou Mello, sem citar números.
Com relação às operações não concluídas, o BC destacou ainda que a segurança está garantida e que, nesses casos, o dinheiro não entrou na conta do recebedor, mas também não saiu da conta do pagador. "É um sistema de liquidação bruta em tempo real, ou seja, ele debita na conta de um cliente e credita na conta do outro cliente simultaneamente. A operação não transcorrer significa que o dinheiro não saiu da conta do cliente que tentou fazer o Pix", reforçou Bruno Serra, diretor de Política Monetária do Banco Central.
Pix em capacidade total
Para fazer um Pix é necessário apenas ser titular de uma conta transacional em uma das 734 instituições habilitadas pelo Banco Central para operar o sistema. As transações serão feitas diretamente por meio do aplicativo da própria instituição, que conta com o Pix como mais uma opção entre as oferecidas no app.
Segundo o BC, o país já tem 72 milhões de chaves PIX cadastradas e até o domingo (15) foram realizadas mais de 1 milhão e 900 mil transações entre instituições diferentes, com um montante financeiro que passou de R$ 780 milhões.
Para o BC, a chegada do novo sistema de pagamentos pode trazer uma mudança significativa para o país. Entre outros pontos, a instituição acredita que o Pix vai baixar custos e aumentar a segurança das transações; elevar a competitividade e a eficiência do mercado; incentivar a digitalização dos pagamentos no varejo; e promover a inclusão financeira da população. O sistema também tem o potencial de reduzir o dinheiro vivo em circulação no país, com economia de custos.