O lançamento mais recente do Google requer muita gesticulação. Você pode controlar algumas funções no smartphone Pixel 4, de US $ 800, apresentado nesta terça-feira nos Estados Unidos, apenas se movimentando. O Google construiu uma tecnologia de radar interna que usa ondas invisíveis para rastrear seus movimentos das mãos - e sentir sua presença nas proximidades antes mesmo de tocar no telefone.
Primeiro, vieram os telefones com telas nas quais você podia tocar, depois aqueles que ouviam sua voz e conheciam seu rosto. Agora, o Google está literalmente trazendo uma nova dimensão aos telefones: consciência de como você se move em torno deles. Só que é preciso demonstrar por que nós queremos isso.
Em um evento na cidade de Nova York, a gigante das buscas on-line apresentou seu quarto smartphone Pixel, junto com os novos alto-falantes inteligentes Nest e roteadores WiFi, um laptop e fones de ouvido sem fio Pixel Buds. Os produtos podem despertar o interesse dos donos de telefones Android que gostam do software e dos serviços do Google, embora eu desconfie que não conquistará muitos proprietários leais dos telefones Samsung e Apple.
Mesmo assim, é necessário dar crédito ao Google por manter a concorrência interessante. O Google tem um papel incomum no mundo dos gadgets. Ele já fabrica o software Android que roda a maioria dos telefones do mundo fabricados por outras empresas, incluindo Samsung e Huawei. Mas nos últimos três anos, gastou mais de US$ 1 bilhão para se tornar uma incubadora de seu próprio hardware. O objetivo tem sido explorar novas aplicações para consumidores a partir de suas pesquisas em inteligência artificial e outras tecnologias.
O Google causou o maior impacto em produtos para casa inteligentes, onde seu assistente pessoal Assistant AI compete com produtos que usam o Alexa, da Amazon. A vantagem do Google é maior, com designs mais coloridos e configurações de software e privacidade mais amigáveis.
Na terça-feira, o Google lançou um novo roteador Nest WiFi (US$ 270 por duas peças) que inclui um alto-falante e microfone para acessar o Assistant. E uma nova versão do seu alto-falante inteligente Nest Mini, de US$ 50, promete melhor qualidade de som e tempos de resposta mais rápidos.
Smartphones são desafio para o Google
Os smartphones são um grande negócio em nossas vidas, mas o Google vem enfrentando dificuldades em decifrá-los. Após uma década de existência dos smartphones, as pessoas estão atualizando os mais sofisticados modelos com menos frequência - e em grande parte estão presos à lealdade da marca.
O Pixel 4 e o Pixel 4 XL deste ano, que começam a ser vendidos em 24 de outubro, são os primeiros telefones que o Google desenvolveu após a aquisição de US $ 1,1 bilhão da fabricante de telefones taiwanesa HTC. Ele se iguala à Apple abandonando o leitor de impressões digitais por um sistema de desbloqueio de reconhecimento facial. O Google também começará a vender um concorrente aos fones de ouvido sem fio AirPod, o Pixel Buds por US $ 180, no próximo ano.
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O Pixel 4 promete ligações mais profundas com os serviços do Google, principalmente o Assistant. A inteligência artificial agora responde mais rapidamente porque o telefone processa alguns comandos localmente sem antes enviá-los pela Internet ao Google. E um novo aplicativo de gravador de voz transcreve o que ouve e o salva, facilitando a pesquisa.
A câmera do Pixel 4 provavelmente continuará sendo o maior atrativo para muitos. Agora, vem com duas lentes traseiras, incluindo uma para fotos com zoom. Apesar de a Apple e a Samsung terem telefones com três lentes, o software que roda a câmera Pixel ainda parece estar um ano à frente da concorrência. O Pixel 3, lançado no ano passado adicionou um modo de destaque "visão noturna" para situações de pouca luz. Este ano, acrescenta a capacidade de tirar fotos das estrelas.
Tecnologia mais avançada
É a capacidade de agitar as mãos que o Google espera que diferencie o Pixel 4 entre os consumidores que buscam a tecnologia mais avançada. Apelidado de "sensor de movimento", o telefone contém um radar em miniatura que procura constantemente movimento em uma "bolha" invisível em torno de si, num raio de cerca de um metro.
Apelidado de "Projeto Soli", foi desenvolvido ao longo de cinco anos por uma equipe de skunkwork de tecnologias avançadas do Google e usa pouca energia para permanecer ativo, mesmo quando a tela do telefone está desligada e inativa.
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Os usos para o sensor de movimento são, até agora, limitados. Eles começam com controles de gestos: acene a mão pelo telefone para avançar uma música - ou a outra maneira de voltar. Você também pode afastar toques e alarmes para silenciá-los. Isso é útil quando você está. . . talvez, dirigindo? Ou talvez comer Cheetos? Bem, pelo menos, é útil impressionar outros nerds.
Alguns outros fabricantes de telefones, como a LG, ofereceram recursos de controle de gestos usando suas câmeras frontais. O Google diz que seu radar vai muito além, ao estender ao telefone uma “consciência” do que está acontecendo ao seu redor. Sabendo que há uma pessoa ao seu redor, a tela do Pixel 4 liga (ou desliga) e reduz o volume de toques quando uma mão o alcança. (Isso o torna mais "educado", diz o Google.) Ele também começa a disparar as câmeras de identificação facial do telefone para desbloqueá-lo mais rapidamente.
Telefone mais "consciente"
Um telefone mais "consciente", também parece um pouco assustador em um mundo em que dados sobre nossas vidas se tornaram a mercadoria mais lucrativa do Google. O Google diz que o sensor de movimento não pode distinguir a diferença entre pessoas específicas. (Quanto tempo até um assassinato, onde a evidência de que havia mais alguém na sala será o radar do Pixel?) Os dados de movimento são processados no telefone e não são salvos na sua conta do Google nem compartilhados com outros serviços do Google. E outros desenvolvedores de aplicativos não podem acessar o sensor até o momento.
É difícil dizer para onde essa ideia irá, mas é um grande salto pensar que um telefone agora pode saber onde você - ou algo mais importante - está localizado. Talvez esse tipo de dados se torne útil para aplicativos futuros de realidade aumentada.
Ao entrar no quarto ano, o Pixel permanece entre uma curiosidade e uma ameaça existencial para Apple e Samsung. Mas adicionar uma nova categoria de sensor ao um mercado de smartphone já maduro é uma jogada ousada e possivelmente louca que não vemos com frequência pelos fabricantes atualmente.