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Suspeita

Deputados querem ouvir o BNDES sobre a operação

Os deputados Francisco Francischini (PSDB-PR) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) vão entrar com pedido de convite para ouvir o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, na Comissão de Fiscalização da Câmara. A audiência será para que o executivo fale se há estudos e a possibilidade de o banco financiar a JBS na aquisição da construtora Delta. "Nós consideramos que não é papel da instituição participar de uma operação que se destina à compra de uma empresa envolvida com o crime organizado", disse Francischini. Segundo fontes ligadas à instituição, a área técnica do BNDES vê a operação com reservas e não estaria interessada em atuar no caso, nem com participação, nem como financiador. O BNDES tem 31,41% da JBS. Em junho do ano passado, o BNDES aprovou um crédito de R$ 2,7 bilhões para a Eldorado Celulose e Papel, empresa controlada pelo grupo JBS, para financiar parte da construção de uma fábrica em Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul.

A J&F, holding que controla a JBS (maior empresa de carnes do mundo), confirmou ontem o acordo para a aquisição da construtora Delta, envolvida no escândalo protagonizado pelo empresário Carlos Cachoeira, preso por exploração de jogo ilegal. Mas o Palácio do Planalto desaprovou a negociação e emitiu sinais de que está disposto a considerar a empreiteira inidônea, o que ameaçaria as operações da empresa. A venda só será sacramentada após uma auditoria nas finanças da companhia, o que não tem prazo para terminar. O valor e o pagamento pela compra se darão após uma análise dos ativos e dos contratos da construtora.

A empresa diz ter R$ 5 bilhões em contratos a receber e o preço de mercado estava estimado em R$ 2,5 bilhões. Se a Controladoria-Geral da União considerar a Delta inidônea, a empresa ficaria impedida de prestar novos serviços ao governo federal e também não teria autorização para fazer aditivos financeiros nos atuais contratos. A empresa não descarta recorrer à Justiça contra a eventual declaração de inidoneidade. Nos bastidores, os envolvidos na operação apostam na influência do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles junto ao Executivo para reverter qualquer tendência nesse sentido.

Em comunicado, a J&F disse que terá o direito de substituir a estrutura administrativa da Delta, incluindo presidente, diretores e membros do Conselho de Administração, além de ficar isenta de responsabilidade sobre os contratos vigentes. O presidente da J&F, Joesley Batista, disse no documento que o novo presidente da Delta será anunciado nos próximos dias. "Nosso objetivo é honrar os contratos auditados e preservar os mais de 30 mil empregos da Delta", declarou.

O comunicado destacou que o presidente do conselho consultivo da J&F, Henrique Meirelles, não terá nenhum cargo ou função na gestão da empresa de construção. Meirelles. Mesmo assim, Meirelles comentou o acordo no comunicado. "A entrada da J&F no setor de infraestrutura consolida a presença da holding em áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico do país", disse.

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