A J&F, holding que controla a JBS (maior empresa de carnes do mundo), confirmou ontem o acordo para a aquisição da construtora Delta, envolvida no escândalo protagonizado pelo empresário Carlos Cachoeira, preso por exploração de jogo ilegal. Mas o Palácio do Planalto desaprovou a negociação e emitiu sinais de que está disposto a considerar a empreiteira inidônea, o que ameaçaria as operações da empresa. A venda só será sacramentada após uma auditoria nas finanças da companhia, o que não tem prazo para terminar. O valor e o pagamento pela compra se darão após uma análise dos ativos e dos contratos da construtora.
A empresa diz ter R$ 5 bilhões em contratos a receber e o preço de mercado estava estimado em R$ 2,5 bilhões. Se a Controladoria-Geral da União considerar a Delta inidônea, a empresa ficaria impedida de prestar novos serviços ao governo federal e também não teria autorização para fazer aditivos financeiros nos atuais contratos. A empresa não descarta recorrer à Justiça contra a eventual declaração de inidoneidade. Nos bastidores, os envolvidos na operação apostam na influência do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles junto ao Executivo para reverter qualquer tendência nesse sentido.
Em comunicado, a J&F disse que terá o direito de substituir a estrutura administrativa da Delta, incluindo presidente, diretores e membros do Conselho de Administração, além de ficar isenta de responsabilidade sobre os contratos vigentes. O presidente da J&F, Joesley Batista, disse no documento que o novo presidente da Delta será anunciado nos próximos dias. "Nosso objetivo é honrar os contratos auditados e preservar os mais de 30 mil empregos da Delta", declarou.
O comunicado destacou que o presidente do conselho consultivo da J&F, Henrique Meirelles, não terá nenhum cargo ou função na gestão da empresa de construção. Meirelles. Mesmo assim, Meirelles comentou o acordo no comunicado. "A entrada da J&F no setor de infraestrutura consolida a presença da holding em áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico do país", disse.