Importadores e exportadores viram com apreensão o impasse envolvendo o fechamento do Porto de Paranaguá, na tarde e noite de quinta-feira. "Recebemos vários e-mails de clientes preocupados, todo mundo ficou meio aflito", descreve Eduardo Lucas da Silva, sócio-administrador da Ideal Assessoria em Comércio Exterior, que movimenta cerca de US$ 13,5 milhões mensais por Paranaguá. Segundo ele, a preocupação deve continuar por um bom período, mesmo com a liberação das atividades ocorrida na madrugada de sexta. E qualquer "plano B" custará muito caro. "A alternativa é rezar", diz Luís Maurício Gardo­linski, diretor da Startrade.

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Para os importadores, explica Gardolinski, um impacto imediato da necessidade de trazer bens por outros portos seria o fim da redução do ICMS. Atualmente, empresas com CNPJ no Paraná pagam uma alíquota de 3% ao importar via Paranaguá, em vez dos 18% habituais. Em outros portos, seria preciso pagar a alíquota cobrada no estado onde os produtos desembarcariam. "O importador muitas vezes tem de arcar com esse gasto adicional, do imposto e do frete. Nem sempre é possível repassar todas as despesas ao consumidor final. Por causa disso, em certos casos seria até mais conveniente cancelar o negócio antes do embarque no exterior do que mandar trazer para desembarcar em Santa Catarina ou São Paulo", diz Silva, da Ideal.

Agricultura

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Os exportadores também gastariam mais com frete e impostos. Nilson Hanke Camargo, assessor técnico e econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), explica que os produtos agropecuários paranaenses exportados por outros estados pagariam alíquotas de ICMS que variam de 3% a 10%. "O único fator que poderia atenuar um pouco esta despesa adicional é a ausência de pedágios no caminho até um ou outro porto", acrescenta.

Para Silva, caso o porto viesse a ficar parado por muito tempo, a tendência não seria de queda forte no fluxo comercial. "Acho que em geral os empresários continuarão importando e exportando, mas eles vão procurar outros portos. Quem vai perder brutalmente é o Paraná", considera.