Quebra-galho?
Térmicas geram um quarto da energia elétrica do país, diz ONS
Folhapress
As termelétricas continuam operando a carga plena e nesse fim de semana geraram 23% da energia do sistema elétrico brasileiro, enquanto as hidrelétricas foram responsáveis por 73,8% do total de 51.700 MW médios gerados, segundo boletim da operação do Operador Nacional do Sistema (ONS). O restante é fornecido por usinas nucleares e eólicas.
No documento, a instituição prevê chuvas para o Norte e o Nordeste nesta semana, o que pode melhorar o nível de águas das hidrelétricas nessas regiões, mas para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul, a previsão é de chuvas abaixo das registradas na semana passada.
O aumento de chuvas na região Nordeste, a mais crítica do país, fez o ONS reduzir o custo da operação do sistema de R$ 477,81 o MWh (megawatt-hora) na semana passada para R$ 304,56 MWh nesta semana até sexta-feira, dia 1º de fevereiro.
No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o nível de armazenagem dos reservatórios ontem era de 35,38%, contra 28,9% em 1º de janeiro. No Sul, o nível era de 46,85%, ante 37,7% no início do ano, enquanto o Norte registrava 47,71% -acima dos 41,1% do início deste mês.
3,5% mais consumo de energia foi quanto a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) registrou em 2012, para 448,29 mil gigawatt-hora (GWh). O consumo residencial cresceu 5%, para 117,56 mil GWh, e o comercial teve alta de 7,9%, para 79,28 mil GWh. A demanda industrial permaneceu estável, em 183,48 mil GWh, refletindo o mau desempenho do setor no ano passado.
O Plano Decenal de Energia 2013-2022 (PDE) terá mais usinas térmicas que o atual, afirmou ontem o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Segundo ele, as térmicas deveriam operar mais na base do sistema elétrico nacional, mas o preço alto do gás natural é um obstáculo.
"Já estamos fazendo o plano 2022 e já prevemos um pouco mais de térmica entrando. Estamos trabalhando nisso, mas devemos ter mais térmica a gás", disse Tolmasquim sem revelar os montantes.
"A grande questão é a econômica, ou seja, como que essas térmicas vão entrar sem onerar demais a tarifa, dado o preço do gás".
Com o crescimento da economia e da demanda de energia, o país precisa ampliar anualmente seus parques de geração, transmissão e distribuição. Este ano, serão mais de 8.500 megawatts (MW) em geração de energia, de acordo com a EPE. Atualmente, a geração térmica no país está em 14 mil megawatts, segundo Tolmasquim.
O presidente da EPE entende que o ideal seria o país ampliar "um pouco" a geração térmica na base ao longo do ano para aumentar ainda mais a confiabilidade do sistema e compensar a geração hidrelétrica em períodos de reservatórios em níveis baixos.
"O Brasil pode ter algumas térmicas na base, mas não muitas porque vão entrar Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, que são (hidrelétricas) a fio dágua e vão gerar muito num período, mas em outros menos", declarou ele. "Tem de analisar quanto seria esse pouco mais...claro que para nós o interessante é ter usinas térmicas com custo variável baixo, aí elas naturalmente vão operar mais. Se só colocar hidro a fio dágua, a proporção de térmica tem de aumentar", completou ele.
Alternativa
A alternativa para o combustível das térmicas, hoje importado na forma de gás natural liquefeito (GNL), seria, de acordo com o presidente da EPE, a produção de gás não-convencional como gás de xisto, gás de folhelho e "tight" (de vários tipos de rocha).
O governo planeja para o fim desse ano um leilão de gás com foco principal nas reservas de xisto espalhadas pelo país. Nos Estados Unidos, o gás de xisto já é uma realidade com preços baixos e oferta expressiva. As estimativas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam preliminarmente para reservas de até 500 trilhões de pés cúbicos (TCFs).
Ainda ontem, a Petra Energia, especialista em grandes áreas virgens ou de baixo conhecimento geológico para a exploração de gás não-convencional, anunciou que deve fazer seus primeiros testes com o gás de xisto no Brasil em abril. "Um sucesso seria o começo de uma possível revolução", disse o presidente da empresa, Winston Fritsch.
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