Brasileiros que têm bichos de estimação gastaram R$ 5,48 bilhões em 2013 para custear idas ao veterinário e serviços como banho e tosa. É uma oportunidade e tanto para empresas de planos de assistência e seguradoras, mas as vendas dos produtos ainda não engrenaram no país. Os preços estão longe de serem tabelados e os planos enfrentam concorrência direta de clínicas e pet shops.
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No fim de abril, o grupo de lojas virtuais B2W (Submarino, Americanas e Shoptime) lançou um produto que tenta driblar este cenário, ao oferecer planos com mensalidades baixas para o país todo de R$ 15 a R$ 30. Os três planos cobrem vacinas, consultas e transporte em caso de emergência. Os dois mais caros bancam (com limites) cirurgias e microchipagem. A rede de prestadores de serviço foi reunida pela Brasil Assistência, que já vendia o plano como cobertura extra em um produto para viajantes.
A estratégia do Pet Assistência busca vencer dois obstáculos do mercado. A venda pela internet e os preços agressivos são uma maneira de formar uma carteira suficiente de usuários dessa dificuldade vem o fato de seguradoras e planos em geral adotarem a cobertura para pets como serviço extra. Já a rede de assistência pré-formada, com 240 pontos no país, é um apelo contra a falta de prestadores, reclamação recorrente de quem contrata plano do tipo.
A empreitada se baseou em uma pesquisa feita com compradores de produtos para bichos das três lojas virtuais. Segundo o levantamento, 70% deles aceitariam pagar um plano para pets. A projeção é de que 5 milhões de lares das classes A, B, e C se interessem pelo serviço. A Submarino não comenta a procura, mas a Brasil Assistência pensa em criar novos produtos dentro do nicho, adianta o gerente de marketing e produtos, João Carlos Ayres.
Limites
Os planos enfrentam certa resistência por parte de veterinários. O presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais no Paraná (Anclivepa-PR), Roberto Luiz Lange, reconhece que profissionais não costumam ter interesse em se associar porque o repasse é baixo. "Os clientes exigem serviço de alta qualidade e o plano geralmente paga aquém do que custa. Não é viável", diz.
A Brasil Assistência conta ter formado uma rede com o argumento do "ganho por volume", mas admite que a lista pode sofrer ajustes. Ainda assim, é preciso atenção aos limites de custos estabelecidos em contratos. O plano básico da B2W, por exemplo, prevê duas consultas anuais, com limite de R$ 100 para cada. Em Curitiba, dependendo da clínica, cada consulta custa R$ 110, diferença que terá de ser coberta pelo consumidor.
Seguradoras pagaram R$ 8,6 milhões em 2013
Seguradoras e pet shops também participam do mercado de planos de assistência e cobertura de saúde para bichos. Seguradoras em geral oferecem cobertura da morte do animal (ou seja, indenização para o dono). Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), em torno de 60 empresas oferecem este tipo de produto para pets categoria que inclui animais usados em competições. O montante de prêmios pagos aumentou 22% entre 2010 e 2013, quando chegou aos R$ 8,6 milhões.
Clínicas podem criar planos e pacotes para serviços veterinários, segundo resolução de 1998 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Mas há condições para isso. Uma delas é registrar o serviço nos conselhos regionais, especificando profissional responsável. Segundo o assessor técnico do conselho paranaense Ricardo Simon, coordenador de fiscalização da entidade, há hoje apenas três clínicas registradas para oferecer pacotes no estado, em Curitiba, Maringá e Rio Negro.
Hospitais nunca entraram no ramo e as duas operadoras de plano para pets deixaram de funcionar no estado no fim dos anos 2000. "O mercado ainda é incipiente", resume Simon. A resolução diz que pet shops podem oferecer pacotes regularmente apenas se os serviços abrangidos não forem médicos.