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Planos de saúde devem crescer pouco mais de um quarto do previsto

Nos próximos dois anos, Abramge estima que setor de planos de saúde ganhará mais 1,7milhão de usuários. Mas tudo depende do andar da economia. | Marco Andre Lima/Arquivo/Gazeta do Povo
Nos próximos dois anos, Abramge estima que setor de planos de saúde ganhará mais 1,7milhão de usuários. Mas tudo depende do andar da economia. (Foto: Marco Andre Lima/Arquivo/Gazeta do Povo)

Segundo especialistas, o pior já passou para os planos de saúde. Isto é, perdas de clientes na casa do milhão não devem mais se repetir. Ainda assim, as projeções para o fim de 2018 apontam para pouco mais de um quarto do crescimento estimado por entidades da área no primeiro semestre. A explicação é simples: o setor é levado a reboque pelo mercado de trabalho, que parece ainda estar saindo de um longo coma.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa cerca de 40% do setor, sobretudo operadoras do tipo seguradoras, baixou suas expectativas de 700 mil a 1 milhão de novos usuários em 2018 para cerca de 250 mil. Foi o que disse o diretor-executivo da entidade, José Cechin, à coluna Mercado Aberto da Folha de S.Paulo na semana passada. Em nota enviada à Gazeta do Povo, a FenaSaúde ressalta que houve um leve aumento no número de planos coletivos empresariais (que representam dois terços do setor) durante o primeiro semestre em comparação aos individuais e coletivos por adesão. E é normalmente dos coletivos empresariais mesmo que o setor depende para se alavancar.

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Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que o número de beneficiários de planos coletivos empresariais passou de 31,37 milhões para 31,52 milhões entre junho de 2017 e junho de 2018. Ao mesmo tempo, a quantidade de beneficiários de planos coletivos por adesão e de planos individuais caiu de 6,46 milhões para 6,43 milhões e de 9,28 milhões para 9,12 milhões, respectivamente, no mesmo período. Hoje, o país tem 47,23 milhões de usuários de plano de saúde (cerca de 155 mil estão sem a informação sobre o tipo de plano que possuem nas bases da ANS).

A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), que representa operadoras do segmento de medicina e odontologia de grupo e cerca de 30% do setor, é um pouco mais otimista: projeta um acréscimo de 379 mil usuários de planos de saúde no país até o fim deste ano. Com isso, o Brasil encerraria 2018 com 47,5 milhões de beneficiários de planos médico-hospitalares. Entre os fatores para considerar esse número estão perspectivas de mais vendas e contratações na indústria no segundo semestre, explica o economista-chefe da Abramge, Marcos Novais.

Neste ano, a entidade começou a medir também o churn rate ou taxa de cancelamento de contratos, que considera não só quem cancelou o contrato e deixou de ter plano de saúde como quem cancelou o plano e aderiu a um produto de outra operadora. Segundo a Abramge, entre fevereiro e abril deste ano, houve uma redução no churn rate dos planos coletivos empresariais de 2,4% para 2,3%, e nos planos individuais de 1,5% para 1,4%. Os planos coletivos por adesão têm uma taxa estável, em 1,6%. Esses dados mostram que menos contratos estão sendo cancelados, o que reforçaria, segundo Novais, que o pior já passou. Para os próximos dois anos, a Abramge projeta o ganho de cerca de 1,7 milhão de novos usuários.

Ainda assim, Novais não acredita que o pico de 50,4 milhões de beneficiários de planos médico-hospitalares, atingido em 2014, deva se repetir a curto prazo. “No médio ou longo prazo [no entanto] nós vamos voltar para esse número. A grande questão é para além dos 50 milhões e o que vai precisar mudar no produto para isso”, ressalta o economista-chefe da Abramge.

Ele acredita que só mudanças significativas poderão levar o setor a patamares inéditos. “ A gente vai precisar transformar o produto em um produto mais factível para a média da população brasileira. Mas não adianta a gente ofertar algo que fique abaixo das expectativas do consumidor. A gente tem que entender melhor a demanda e construir esse novo produto”, diz Novais, dando a entender que será preciso ir além das discussões já em andamento sobre o cálculo do reajuste dos planos individuais e a regulação da franquia e da coparticipação no setor. Ele diz que o patamar dos 50,4 milhões é conhecido e totalmente possível de ser alcançado de novo porque o custo per capita é também conhecido.

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A FenaSaúde não defendeu mudanças na nota enviada à Gazeta do Povo, mas sabe-se que a entidade tem acompanhado de perto os grupos de discussão acerca dos temas já citados. A representante das seguradoras não deixou de salientar, no entanto, que, embora o setor tenha perdido beneficiários em razão da crise isso não aliviou o custo dos planos e saúde.

“Apesar da redução de 1,6% de beneficiários em 2017, o número de procedimentos realizados teve alta de 3,4% em relação ao ano anterior, chegando a mais de 1,5 bilhão, com custo total de R$ 145 bilhões, representando uma variação de 9,8% com relação a 2016. O crescimento acelerado dos custos é contínuo e preocupa não apenas os pagadores (pessoas físicas e pessoas jurídicas), mas também as operadoras de planos de saúde por se tratar de um grave problema da saúde suplementar, que deve ser enfrentado para manter a sustentabilidade do setor a longo prazo”, disse a entidade.

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