O homem mais rico do Brasil está menos rico. Uma crise de confiança sem precedentes varreu, em dois dias, R$ 13,274 bilhões do patrimônio das empresas do grupo EBX, do bilionário Eike Batista. Esse é o total das perdas das seis empresas do grupo listadas na bolsa de São Paulo. No acumulado do ano, as perdas somam R$ 32,236 bilhões, segundo cálculo da consultoria Economática. Só ontem a petrolífera OGX a maior das empresas do "complexo X" perdeu 19,2% do valor.
Eike que é o sétimo homem mais rico do mundo segundo levantamento de março da revista Forbes, com patrimônio estimado em US$ 30 bilhões não absorveu sozinho as perdas. O derretimento dos papéis afeta todos os acionistas das empresas. No caso do OGX, 39% do capital está nas mãos de investidores. Os 61% restantes pertencem à EBX, empresa de investimentos de Eike. Ontem, o site da Forbes dizia que ele havia perdido metade de sua fortuna e classificava-o como "o maior perdedor do ano". Procurado, o empresário não quis se pronunciar.
O que ocorreu foi uma mudança na atitude dos investidores em relação a Eike e sua forma de conduzir os negócios. Antigos parceiros do empresário na criação de companhias em fase pré-operacional (que ainda não saíram do papel), eles agora desconfiam das estimativas de receita e da interdependência das empresas, fornecedoras umas das outras. A OGX, por exemplo, aluga do estaleiro OSX o navio-plataforma para exploração de óleo, toma dinheiro emprestado da EBX Investimentos e aluga aviões da AVX Táxi Aéreo.
Até agora, o mercado vinha esperando que as empresas entregassem bons resultados à medida que seus negócios atingissem a maturidade. Mas a paciência acabou na noite de terça-feira, quando a OGX anunciou que a vazão de seu primeiro campo petrolífero operacional é de um quarto do que a própria companhia havia anunciado antes.
Segundo operadores, a crise de confiança colocou as empresas X na rota de especuladores que faturam vendendo os papéis e recomprando a um preço menor. "Não tem explicação uma empresa perder quase 50% de seu valor em dois dias. Está excessivo e batendo nas outras empresas do grupo", disse Nataniel Cezimba, analista do Banco do Brasil. A avaliação é que o valor das ações nunca voltará aos patamares de antes, a menos que o empresário comece a "entregar produção".
Troca de presidente
A OGX não aguentou a pressão das perdas e trocou seu presidente, o geólogo Paulo Mendonça. A saída de Mendonça, considerado um técnico experiente e egresso da Petrobras, foi anunciada pela empresa ontem à noite. Em seu lugar entrará Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, até então diretor presidente da OSX, empresa de construção naval do grupo. Carneiro também veio da Petrobras, onde trabalhou por 30 anos e chegou a ocupar o cargo de superintendente de produção da Bacia de Campos e gerente geral de produção da diretoria de Exploração e Produção.