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A nomeação do economista Marcio Pochmann pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao IBGE nesta semana, alvo de críticas de setores da sociedade e sem consultar a ministra Simone Tebet, do Planejamento, ao qual o órgão é subordinado, foi bem recebida pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon) após quatro anos de uma suposta “deficiente gestão” e de alegado “desmonte” da estrutura.
Em um manifesto publicado na sexta (28), o Cofecon classificou as críticas à indicação de Pochmann como uma “tentativa covarde de desqualificar o profissional” e de “constranger o presidente” (veja na íntegra). Em entrevistas e falas passadas, o economista criticou as reformas da Previdência e trabalhista, o PIX, propôs uma jornada semanal de trabalho de 12 horas, entre outras visões próprias sobre a economia brasileira.
“Este Conselho, que representa institucionalmente os economistas brasileiros, hipoteca toda solidariedade a Marcio Pochmann, reforçando que a sua indicação à presidência do IBGE valoriza a profissão de economista e representa um poderoso passo no fortalecimento e reconhecimento da importância do trabalho da Instituição e na garantia de um salto de qualidade em nossas estatísticas oficiais”, disse o Cofecon.
A entidade que diz representar os economistas brasileiros afirmou que “certos setores se prestem ao papel de porta-vozes de interesses mesquinhos e oportunistas”. A fala, no entanto, foi rebatida pela economista Elena Landau, que elaborou o programa econômico de Simone Tebet durante a campanha presidencial de 2022, que classificou a escolha de Pochmann como um “dia de luto para a estatística brasileira”.
Edmar Bacha, que presidiu o IBGE e integrou a equipe econômica que criou o Plano Real, se disse “ofendido” com a escolha.
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Esta não é a primeira vez que Pochmann ocupa um cargo importante na apuração de estatísticas para políticas públicas. Entre 2007 e 2012, o economista foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com uma gestão marcada por críticas e acusações de intervencionismo e aparelhamento político do órgão.
Algo que o Cofecon nega que vai acontecer nesta nova gestão do IBGE. “Só quem desconhece a história do IBGE, ou que duvida da capacidade e confiabilidade de seus técnicos, poderia imaginar que esses dedicados servidores se prestariam a coonestar tamanho absurdo, ou calar diante de qualquer tentativa fraudulenta de adulterar indicadores econômicos e sociais para bajular os dirigentes de plantão e produzir o que pudesse servir às suas ambições eleitoreiras”, completou no manifesto.
Pochmann também já presidiu a Fundação Perseu Abramo, instituição criada pelo PT para discutir pautas político-partidárias e ideológicas.