Com mais de 30 anos de carreira na área de games, Robert Kotick nunca tinha visitado o Brasil. Na sua primeira passagem pelo país, o presidente executivo da Activision Blizzard no comando da empresa desde 1991 disse acreditar que há um potencial de crescimento do setor de jogos comparável apenas com o da China.
O executivo, também conhecido pelo apelido "Bobby" Kotick, é responsável por algumas das maiores franquias de games do mundo. Entre elas está a série Call of Duty, que em 2012 bateu pelo quarto ano seguido o recorde de maior lançamento de entretenimento. Em 24 horas, as vendas da nova versão do game (Black Ops 2) alcançaram US$ 500 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão).
Em encontro com a reportagem em um hotel em São Paulo, Kotick afirmou que os jogos para celular têm ampliado a quantidade de jogadores no mundo, mas a intensa concorrência ainda afasta as grandes produtoras de games como a Activision Blizzard. "É difícil construir uma grande empresa vendendo jogos a 99 centavos", disse ele. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Você é uma das figuras mais importantes do setor de games. Por que quis vir ao Brasil?
Vimos alguns grandes números de nossas vendas no Brasil. E claro, também há todas as tendências macroeconômicas. Como eu nunca tinha estado aqui, queria ver como era esse mercado de perto. Por causa da nossa relação com a Vivendi e a GVT (a Blizzard era controlada pela francesa Vivendi antes da fusão com a Activision em 2007), o CEO da GVT dizia que eu deveria vir. E achei que seria uma grande oportunidade para aprender um pouco sobre o Brasil. Me encontrei com alguns políticos e com parceiros de negócios. Tem sido uma viagem ótima.
Que tipo de oportunidade você vê aqui?
Posso dividir em duas categorias. Uma é para aumentar as vendas de nossos produtos. E a outra, que acho mais interessante, é que ter sucesso na área de tecnologia pode ajudar bastante o país. Algo que posso buscar em algum momento é realmente fazer o desenvolvimento de games aqui. Podemos melhorar a qualidade da tradução dos jogos. Com uma população jovem, há pessoas que podem querer seguir uma carreira em artes, animação, design e programação (dentro dos games). Além da China, não há nenhum outro mercado internacional que me anima mais.
Call of Duty bateu pela quarta vez o recorde de maior lançamento de entretenimento. Como se sente com isso?
Não é algo que aconteceu de repente. Tenho feito isso por 21 anos e tem sido muito bom construir algo por um tempo tão longo. E acho que progresso, disciplina e respeito pelo público e pelos acionistas nos levou a esse sucesso.
Como vê o crescimento dos jogos para celular?
É um setor pequeno hoje, com potencial de crescimento e que tem muita concorrência. É bom para os jogadores porque, no celular, não há tantas barreiras de entrada. Há centenas de milhares de jogos, mas é difícil construir um sucesso vendendo jogos a 99 centavos (de dólar). O setor ainda não se provou uma oportunidade para nós.
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