A campanha eleitoral em 2010 tem grandes chances de ficar polarizada entre a escolhida pelo presidente Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o tucano José Serra. Os dois devem apresentar discursos semelhantes na área econômica, com um toque maior de intervenção estatal do que o visto nos últimos anos, mesmo durante o governo Lula.
A campanha de Dilma tem razões para ficar otimista com a chance de surfar a onda econômica. Uma das vantagens de quem está no poder durante um período de bonança é que os adversários não podem propor mudanças fundamentais. Nas eleições de 2010, os dois candidatos mais fortes defenderão a combinação de fatores por trás do sucesso do país juros determinados pelo Banco Central, redução da dívida pública e políticas sociais amplas. Até nas nuances Dilma e Serra são parecidos. Os dois pregam uma maior intervenção estatal em temas como a taxa de câmbio, em uma espécie de "flutuação controlada", e políticas ativas de desenvolvimento industrial.
Os principais interlocutores dos pré-candidatos também têm perfis semelhantes. Dilma tem entre seus mentores o economista Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e Nelson Barbosa, atual secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, que influenciou na formulação do PAC e no Minha Casa, Minha Vida.
José Serra tem no seu secretariado alguns de seus principais assessores econômicos. Estão entre eles João Sayad, que foi secretário na administração municipal da petista Marta Suplicy, e tem um perfil dito "desenvolvimentista", e o economista Geraldo Biasoto Jr, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) de onde também saiu Luciano Coutinho.