Policiais da Guarda de Finança, ligada ao Tesouro italiano, fizeram buscas na sede da agência de classificação de risco Standard and Poor's em Milão, na Itália, nesta quinta-feira (19), cumprindo ordens da Procuradoria de Trani, que investiga a instituição após a S&P ter rebaixado seguidamente a nota de risco dos títulos e bancos italianos.
A S&P e também a agência Moody's, ambas americanas, são acusadas de terem manipulado o mercado com "julgamentos falsos, infundados ou ainda imprudentes" sobre o sistema econômico-financeiro e bancário italiano.
Segundo o jornal Il Corriere della Sera, a polícia fez buscas no escritório da S&P, sem especificar exatamente o que estava procurando. Segundo a Procuradoria de Trani, estão sendo investigados três analistas de alto escalão da S&P, um da Moody's e os responsáveis pelas duas agências no país.
A Procuradoria acusa os funcionários da S&P de "manipulação do mercado" e "abuso de informações privilegiadas" por terem "elaborado e divulgado", nos meses de maio, junho e julho de 2011, duas notícias erradas e uma parcialmente incorreta, "exageradas e tendenciosas" sobre o mercado financeiro da Itália.
O procurador de Trani, Michele Ruggiero, declarou que a guarda está fazendo o seu trabalho "sem poupar nada nem ninguém".
O advogado da S&P na Itália, Giuseppe Fornari, confirmou a presença da Guarda de Finança na sede milanesa, dizendo que acompanha as investigações feitas pela procuradoria de Trani. Segundo agências internacionais de notícias, pelo menos 14 pessoas foram interrogadas pelos guardas da polícia fiscal.
Em agosto, a mesma polícia já tinha apreendido documentos das duas instituições numa ação interposta por associações de consumidores, que acusam a S&P e a Moody's de atuarem para causar alterações no preço das ações no pregão da Bolsa de Milão.
O responsável pela Guarda de Finança, Carlo Maria Capistro, disse, na época, que os documentos foram apreendidos para verificar "se as agências respeitam as normas para fazer seu trabalho".
Em julho do ano passado, a S&P colocou dúvidas sobre o plano de austeridade proposto pelo governo, antes do documento ser aprovado pelo Parlamento e ainda com os mercados financeiros abertos. Em maio do ano passado, a agência colocou em perspetiva negativa a os títulos da dívida soberana do país e de vários bancos italianos.
A S&P mudou a perspectiva da dívida pública de positiva a negativa, provocando uma reação imediata do ministro da Economia italiano, que emitiu nota desqualificando o rebaixamento.
Contra a Moody's há uma investigação que acusa a agência de ter emitido um informe, no dia 6 de maio do ano passado, dizendo que os bancos italianos estavam entre os de maior risco ante os problemas financeiros da Grécia. O informe, segundo o governo italiano, foi divulgado ainda com o mercado financeiro aberto.
Na semana passada, a S&P voltou a baixar a nota de crédito da Itália em dois degraus: de "AA" para "BBB+". A nota de outros dois países europeus, incluindo a França, também foi rebaixada.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião