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Polo automotivo do Paraná recua no tempo

Com pátios cheios, montadoras instaladas no Paraná, como a Volkswagen, apertaram o freio na produção em 2015, afetando em cheio o faturamento da cadeia de autopeças e os empregos do setor. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Com pátios cheios, montadoras instaladas no Paraná, como a Volkswagen, apertaram o freio na produção em 2015, afetando em cheio o faturamento da cadeia de autopeças e os empregos do setor. (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

O polo automotivo do Paraná voltou nove anos no tempo. Se mantiver o ritmo dos últimos meses, a produção de veículos terminará o ano no nível mais baixo desde 2006, ligeiramente abaixo do patamar de 2009. Os efeitos dessa retração, que começou no primeiro semestre do ano passado, se alastram pela cadeia de fornecedores, com forte queda no faturamento das empresas e demissões em massa. Os primeiros sinais de recuperação só devem aparecer, na melhor das hipóteses, no fim deste ano, segundo empresários e especialistas consultados pela Gazeta do Povo.

Depois de recuar 21% em 2014, a produção paranaense de carros, caminhões, ônibus, reboques e carrocerias encolheu 35% no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, segundo o IBGE. O faturamento dos fabricantes, por sua vez, caiu 18% no ano passado e, de janeiro a abril de 2015, baixou mais 21%, de acordo com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

Não há números consolidados sobre as centenas de empresas que fornecem componentes ou prestam serviços para as montadoras do Paraná e de outros estados. Mas os dados disponíveis sugerem que a situação delas não é melhor. A receita das fábricas de autopeças, por exemplo, caiu 17% em 2014, segundo o Sindipeças – e não há indícios de que tenha voltado a subir.

O lado mais dramático da crise é o do emprego. Em maio, as indústrias automotiva e de máquinas agrícolas e seus respectivos fornecedores dispensaram quase 700 trabalhadores formais no estado, segundo o Ministério do Trabalho. Desde o ano passado, 7,5 mil pessoas foram demitidas, a maioria na Região Metropolitana de Curitiba, que concentra grande parte das empresas do setor. E os contratos de aproximadamente mil trabalhadores estão suspensos, pelo regime de layoff, na Volkswagen e na Volvo.

Perfil

A retração não é exclusividade do Paraná. A crise do mercado interno e a crônica dificuldade da indústria automobilística em exportar derrubaram produção, faturamento e emprego em todo o país.

Os números paranaenses, no entanto, têm sido ligeiramente piores que os nacionais. A fatia do polo do Paraná na produção brasileira, calculada pela Anfavea (associação das montadoras), recuou nos últimos dois anos, saindo de 15,1% em 2012 para 11,6% em 2014. Em parte, porque as empresas daqui haviam crescido acima da média nos anos anteriores. Mas o perfil da produção local também pesou.

“Marcas com fábrica no Paraná, como Renault e Volkswagen, estão entre as mais afetadas pela crise”, diz Raphael Galante, da Oikonomia Consultoria Automotiva. “Por outro lado, marcas de valor agregado mais alto e produtos premium, como Honda, Toyota e Hyundai, estão sofrendo menos ou até crescendo.”

Segundo a Anfavea, de janeiro a maio as vendas da Renault caíram 20% e as da Volkswagen, 28%. Na média, o mercado brasileiro de automóveis e utilitários encolheu 18%. As vendas de caminhões diminuíram ainda mais, cerca de 42%. As da Volvo, instalada em Curitiba, despencaram 57%. “Nos caminhões, a queda está concentrada nos modelos pesados e extrapesados, especialidade da Volvo, que são mais afetados pela crise”, explica Galante.

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