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Por que Belo Horizonte se tornou um polo tecnológico no Brasil

Escritório do Google em BH: ecossistema local conta com universidades e cultura empreendedora que incentivam empresas do segmento. | Nereu JR/Divulgação
Escritório do Google em BH: ecossistema local conta com universidades e cultura empreendedora que incentivam empresas do segmento. (Foto: Nereu JR/Divulgação)

Com grande densidade de empresas de tecnologia e forte geração de empregos no setor, Belo Horizonte se destaca, ao lado de outras 12 cidades, como um dos principais polos tecnológicos do país. O município é sede do único centro de engenharia do Google na América Latina, conta com cerca de 200 startups, possui quatro entidades representativas do setor de tecnologia da informação (TI), duas universidades públicas e um parque tecnológico.

Infográfico: Conheça os principais polos tecnológicos do Brasil

A formação desse ecossistema favorável ao desenvolvimento de negócios tecnológicos começou quando o Google escolheu a cidade para instalar o seu único centro de engenharia na América Latina. Em 2005, a companhia americana adquiriu a Akwan, empresa de busca fundada por uma equipe de professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e fixou seus pés em Belo Horizonte.

Idealizada a partir da tese de doutorado de um aluno de engenharia da universidade, a Akwan chamava a atenção por ter desenvolvido um algoritmo capaz de trazer respostas eficientes às buscas feitas pelos consumidores internet. Era responsável pelo site de buscas Todobr.com. e fornecia serviços para UOL e IG. Também era celeiro de mão de obra qualificada, com uma equipe formada por professores e engenheiros da UFMG.

Centros de tecnologia

Mas a compra da Akwan pelo Google não foi exceção. A Accenture, uma das principais consultorias de gestão e serviços de tecnologia do mundo, comprou em 2008 a fornecedora mineira de sistemas de automação industrial Atan, fundada por dois engenheiros, e instalou seu centro de operações na região Belo Horizonte. A Embraer também escolheu a capital mineira para instalar o seu primeiro centro de engenharia fora de São Paulo, em 2014.

A presença de grandes empresas ligadas à tecnologia é atribuída, em grande parte, a Escola de Engenharia e ao Departamento de Ciência da Computação da UFMG, mais voltados à pesquisa aplicada.“Qualquer cidade para se destacar como polo tecnológico tem que ter produção de conhecimento. A UFMG tem presença marcante em TI, biotecnologia e engenharia”, afirma Ronaldo Tadêu Pena, diretor-presidente do parque tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec).

Associativismo

Além de fornecer mão de obra para empresas locais, a universidade formou vários dos empreendedores da região. Eles foram criando as suas próprias empresas de base tecnológica, movimento que resultou no San Pedro Valley, como é chamado o ecossistema de startups da cidade. São 200 empresas que se ajudam mutuamente, sem uma gestão centralizada.

“Meu time comercial recebeu treinamento da Rock Content e eu já dei treinamento de cultura para outras cinco startups”, diz Lucas Marques, diretor de operação da Méliuz, empresa de pontos que já movimentou R$ 320 milhões em vendas e que emprega 80 funcionários.

O associativismo está presente, também, entre os representantes de empresas e funcionários do setor. “As quatro principais entidades representativas do setor [Assespro-MG, Fumsoft, Sindinfor e Sucesu Minas] resolveram trabalhar juntas há quatro anos para tornar o setor mais relevante até 2022”, diz Marcelo Ladeira, presidente da Assespro-MG. Elas desenvolvem ações de capacitação, estímulo ao empreendedorismo e adequação do ambiente regulatório.

Poder público

O poder público, apesar de ter menor participação na construção do polo tecnológico de Belo Horizonte, contribuiu nos últimos anos com a criação do Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development) e do BH-Tec. O parque tecnológico BH-Tec, localizado ao lado da UFMG, possui 17 empresas e três centros de tecnologia. Já o Seed, programa de aceleração do governo estadual em Belo Horizonte, capacitou 112 startups em três anos e investe entre R$ 68 mil e R$ 80 mil por empresa, sem contrapartida.

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