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Atividade

Indústria cresce e calote diminui

A produção industrial em fevereiro surpreendeu os analistas, com forte alta de 6,9% em relação ao mesmo mês de 2010, segundo o IBGE. Bens de capital, com alta de 17,9%, e de consumo, com 6,9%, puxaram o resultado. Em relação a janeiro, a alta foi de 1,9%, o melhor desempenho nesse tipo de comparação desde março de 2010. O nível de calote tende a subir ao longo do ano, mas se mantém sob controle, em níveis mais baixos do que os do fim de 2009. (CR)

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Vendas

Confiança alimenta o consumo

O crédito está mais caro, mas mesmo assim os brasileiros estão indo às compras. O comércio varejista registrou um crescimento de 8,3% nas vendas e de 13,3% em receita, segundo dados do IBGE. As vendas de automóveis, apesar das medidas do governo, seguem crescendo, principalmente em razão da confiança do brasileiro, que, amparado nos níveis de emprego, não tem recuado de maneira significativa, pelo menos neste início de ano. "O consumo não é pautado pela racionalidade. Se o preço está mais caro, a lógica seria de o brasileiro adiar as compras. Mas, enquanto a compra cabe no orçamento, o consumo continua", afirma José Pereira da Silva, professor da FGV. (CR)

Trabalho

Desemprego baixo e renda em alta

O baixo nível de desocupação – hoje em 6,4% – e as condições próximas do pleno emprego em algumas cidades vêm jogando, curiosamente, contra o governo para desacelerar a economia. O aumento dos ganhos – inclusive o reajuste do salário mínimo para R$ 545 – ajuda a colocar mais dinheiro na economia e estimular o consumo. O aumento da formalização também aumenta a demanda por crédito, segundo Thais Marzola Zara, economista chefe da Rosenberg Consultores Associados. (CR)

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Confira quais foram os efeitos das medidas do governo

Ao que tudo indica, o governo terá mais trabalho do que julgava para esfriar a economia. O sinal amarelo foi dado na semana passada, quando o Banco Central admitiu que não trabalha mais com a possibilidade de a inflação convergir para o centro da meta – de 4,5% – em 2011. O crédito continua a rodar em alta velocidade, com um crescimento no ritmo de concessões de 21% nos últimos 12 meses. Ou seja, o consumo continua aquecido. Mesmo com as medidas macroprudencias adotadas no fim de 2010 e a alta do juro básico, hoje em 11,75% ao ano, a proporção do crédito sobre o PIB bateu recorde e atingiu 46,5% em fevereiro.

Analistas acreditam que o governo deverá lançar novas medidas para conter o consumo. A expectativa é de que o BC seja mais "agressivo" nas medidas macroprudenciais. As apostas são de uma nova elevação do empréstimo compulsório dos bancos e de mais aumentos nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na semana passada, o governo taxou em 6% o IOF das captações externas de até 360 dias – até então, o imposto era de 5,38% e incidia apenas sobre empréstimos de até 90 dias. Há quem pense que o governo pode elevar esse prazo para além de um ano.

O presidente do BC, Ale­xandre Tombini, tem dito que o ideal é que o crescimento do crédito possa convergir para um nível próximo de 13%, para evitar novas pressões inflacionárias. Quanto mais tempo a economia demorar para desacelerar, maiores são as chances de a inflação ficar acima de 4,5% em 2012. "Vale lembrar que em 2012 já está garantido um aumento do salário mínimo de cerca de 14%, o que é uma pressão inflacionária importante", afirma Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências. Na avaliação dele, o crédito ainda está crescendo em um ritmo muito superior ao que o governo pretende. "O BC acredita que esse ritmo vai se ajustar naturalmente, mas hoje os indicadores mostram o contrário."

Segundo Thais Marzola Zara, economista chefe da Rosenberg Consultores Associados, o BC terá de ser "contundente" nas medidas macroprudenciais para que os efeitos possam surtir efeito. As mudanças adotadas no fim do ano passado, por exemplo, tiveram reflexo apenas em janeiro. Em fevereiro, o crédito voltou a crescer.

Em dezembro do ano passado, o BC elevou o crédito compulsório – quantia de dinheiro que os bancos têm de deixar na autoridade monetária – em R$ 61 bilhões e reduziu as condições para financiamento de automóveis, com a redução das opções de prazo sem entrada. Mas, depois da queda verificada em janeiro, em fevereiro a média diária de concessões (novos empréstimos) cresceu 8,4%. Para os consumidores, os maiores aumentos foram no crédito pessoal (19,6%) e no financiamento de veículos (18,2%).

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O consumo está demorando mais para esfriar principalmente por causa do elevado nível de emprego e do aumento da renda. Os rendimentos continuam a subir, ajudando a amortecer um pouco os efeitos da elevação dos preços. Os bancos, por outro lado, mesmo com o aumento do compulsório, encontraram nas captações externas uma forma de manter as condições de financiamento.

Riscos

A forte competição e as metas de crescimento dessas instituições vêm confrontando a estratégia do governo de reduzir o ritmo de concessões de empréstimos, afirma o professor José Pereira da Silva, especialista em mercado de crédito da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Eaesp/FGV).

Segundo ele, o BC terá muito trabalho pela frente não apenas em 2011, mas também nos próximos anos, já que os investimentos no pré-sal e na preparação da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos vão, no fim das contas, gerar mais demanda para a economia. O consumo em alta também reflete o grau de confiança na economia e carrega "os bons números de 2010", quando o PIB brasileiro avançou 7,5%.

Apesar disso, a maioria dos analistas prevê um ciclo de aperto monetário mais ameno – com apenas mais um reajuste, de 0,25 ou 0,5 ponto porcentual, na próxima reunião do Copom, nos dias 19 e 20. "O BC tem um problema complexo no seu radar. Se subir muito os juros, que já estão altos, terá mais entrada de capital, com efeitos sobre o câmbio, e punirá as empresas que precisam de dinheiro no mercado para fazer frente a investimentos e capital de giro", afirma Pereira.

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A maioria dos analistas acredita que a decisão do BC de diminuir o ritmo do aperto monetário no combate à inflação para preservar o crescimento da economia foi prematura. "Há o risco de, se o aperto monetário não ocorrer, termos um período mais longo de inflação. O governo tem de decidir se quer ter um regime de metas de inflação ou de câmbio", afirma Sil­­vio Campos Neto, da Ten­­dências.