Algumas varejistas de móveis e eletrodomésticos passam por um momento curioso: estão vendendo mais, mas faturando menos. Além de a inflação estar contida, o preço de muitos produtos foi baixando à medida que eles ganharam popularidade. Há, ainda, um outro aspecto: os juros cobrados nas compras parceladas, forma de pagamento favorita do brasileiro, estão um pouco mais baixos.
"Com a inauguração de novas lojas, o número de produtos vendidos cresceu mais de 120%. Mas o faturamento aumentou menos, cerca de 70%", conta Márcio Pauliki, diretor da rede paranaense MM-Mercadomóveis, que ampliou de 56 para 70 o número de lojas entre 2005 e 2006. Pauliki dá dois exemplos de queda nos preços: um aparelho de DVD que no ano passado custava R$ 239 agora sai por R$ 139; enquanto isso, o colchão "box", que ele define como "a sensação do momento", é vendido por R$ 290 R$ 400 a menos que há um ano.
O empresário explica que isso está forçando as redes a mudarem sua estratégia: como os ganhos com inflação e crediário ficaram mais baixos, as empresas precisam tirar a rentabilidade do aumento das vendas. "Isso dificulta a sobrevivência das pequenas redes, porque ficou muito difícil ganhar dinheiro apenas com a margem de lucro. E elas não tem como aumentar muito a escala de vendas."
Para muitos empresários, a chave para equilibrar as vendas está na taxa básica de juros (Selic), usada para controlar a inflação. "Ela precisaria ser alta somente se a demanda estivesse muito aquecida, o que não é o caso. Com juro alto, os financiamentos ficam mais caros, e o empresário não investe", diz Marcos Pedri, diretor da Livrarias Curitiba.