O Dicionário Michaelis, um dos mais tradicionais da língua portuguesa, define resiliência como sendo a capacidade de rápida adaptação ou recuperação. A palavra caiu no gosto do ambiente corporativo e tornou-se um comportamento altamente valorizado no mercado de trabalho.
Uma pesquisa mundial feita pela KPMG com milhares de CEOs mostra que o comportamento está associado à busca por ferramentas para proteger o núcleo dos negócios, adaptar-se rapidamente às mudanças no ambiente dos negócios e investir em estratégias disruptivas.
“A mudança no modelo de negócios é cada vez mais vertiginosa. E ser um líder resiliente significa não estar desconectado da agilidade. Passamos internamente por momentos complicados no cenário econômico e político. E no mundo enfrentamos um ambiente mais protecionista."
Charles Krieck, presidente da KPMG Brasil
O diretor geral do LinkedIn para a América Latina, Milton Beck complementa:
"Os resultados das empresas são impactados por mudanças repentinas no cenário macroeconômico, seja por novos competidores lutando pelo mesmo mercado, por consumidores e clientes mais exigentes e com maiores opções de escolha, ou outros motivos. Todos esses fatores afetam as empresas e por consequência, geram muitas preocupações nos executivos. Sem resiliência é praticamente impossível sobreviver no universo corporativo."
Milton Beck, diretor geral do LinkedIn para a América Latina
Apesar de estarmos vivendo em uma era de mudanças tecnológicas, Krieck, da KPMG, lembra que quem está ditando as mudanças é o consumidor. Um exemplo é o crescente uso de aplicativos para a realização de atividades do dia a dia. “O consumidor quer a tecnologia como instrumento para facilitar a sua vida.”
Profissionais cada vez mais exigidos
Segundo os executivos ouvidos pela Gazeta do Povo, a situação econômica e o momento disruptivo exigem mais dos profissionais. “A forma de fazer a pizza está mudando”, brinca o executivo da empresa de consultoria e auditoria.
O diretor do LinkedIn destaca que cair e levantar pode ajudar os profissionais a aprender, na prática, a resiliência e ajudar a desenvolver empatia pela situação de outras pessoas. "Um profissional resiliente não apaga seus tombos de carreira, mas incorpora os aprendizados para seguir em frente melhor do que é hoje."
Uma pesquisa feita pelo LinkedIn e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que uma das áreas que mais tem demandado qualidades relacionadas à resiliência é a de tecnologia da informação. "A capacidade de analisar um cenário complexo, planejar, gerir uma estratégia de um negócio e, em vista de uma adversidade, ser flexível para mudar o planejamento, é um comportamento buscado cada vez mais pelos recrutadores nessa área."
Ela não está relacionada a apenas um nível hierárquico, mas é fundamental para todo profissional que queira se destacar no mercado de hoje.
Beck destaca que a resiliência é uma das competências que não é adquirida com universidades ou com certificados, mas sim em convivência ou experiência de situações específicas.
"É cada vez mais comum que empresas ofereçam treinamentos de resiliência ou mesmo estimulem seus funcionários a trabalhar em projetos dos quais o aprendizado virá na prática. Para lapidar essa característica unicamente humana, poucas coisas ensinam mais do que o trabalho no mundo real."