O Bradesco pretende fazer uma transição rápida para absorver a operação brasileira do HSBC, cuja compra por R$ 17,6 bilhões, em dinheiro, foi anunciada na segunda-feira (3). O banco paulista vai pagar um valor acima do estimado pelo mercado, que trabalhava com uma cifra em torno de R$ 12 bilhões, mas garante que o negócio já dará lucro para seus acionistas a partir de 2017.
INFOGRÁFICO: Conheça o histórico do HSBC e veja detalhes da venda
A busca por rentabilidade maior dos ativos comprados do HSBC envolve ganhos com a escala maior, cortes de custos que se sobrepõem e receitas maiores com a oferta de serviços que não estão na carteira do banco britânico no Brasil. “Teremos ganho de escala em tecnologia. Vamos unificar a plataforma no Bradesco, com redução de custos”, disse o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Haverá economia na compra de serviços de transporte de dinheiro, segurança, entre outros.
O banco não comenta a possibilidade de haver demissões no HSBC e fechamento de agências. São cerca de 20 mil funcionários, sendo 7,1 mil somente em Curitiba e região, onde o banco britânico mantém suas sedes administrativas. Na justificativa da compra, o Bradesco afirma que a sobreposição de clientes e agências é pequena. Várias vezes durante a conversa com jornalistas Trabuco destacou o fato de o HSBC ser relevante também por seu capital humano, sem dar pistas sobre um possível corte no número de funcionários. Qualquer ajuste só poderá ser feito após a aprovação do negócio pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Pelos números apresentados pelo Bradesco ao mercado, a unificação das atividades terá de elevar o resultado dos ativos do HSBC rapidamente para que haja retorno sobre o investimento. O índice de eficiência operacional do Bradesco é de 39%, enquanto o do HSBC é de 63% – quanto menor o porcentual, mais rentável é o banco. A expectativa do comprador é que essa disparidade desapareça em cerca de quatro anos.
Nas contas do Bradesco, o HSBC deve apresentar um lucro recorrente de R$ 1,2 bilhão neste ano – o resultado apresentado na segunda-feira pelo banco britânico foi de lucro antes dos impostos de quase R$ 650 milhões, em linha com o esperado pela instituição brasileira. Descontando os custos da aquisição, o resultado esperado pelo Bradesco para o ano que vem é neutro, ou seja, os acionistas não terão nem lucro, nem prejuízo maior em 2016 com o investimento. A partir de 2017 a conta já estaria no azul.
Somatória
A compra do HSBC foi a maior das 48 aquisições já feitas pelo Bradesco. “O HSBC é um ativo único”, comentou Trabuco. “Ele fortalece o Bradesco nas regiões Sul e Sudeste e no segmento de alta renda.” O HSBC tem 5 milhões de clientes, sendo 1 milhão de alta renda, enquanto 76% das 851 agências do banco estão no Sul e Sudeste.
Com a aquisição, o Bradesco passa de 8,1 mil pontos de atendimento (agências e postos) para 9,4 mil, e encosta no Banco do Brasil no total de agências bancárias em funcionamento no país – 23,8%, contra 23,9% do BB. Seus ativos totais devem pular de R$ 1 trilhão para perto de R$ 1,2 trilhão o que, nas contas do próprio Bradesco, permitiria à instituição ultrapassar a Caixa e encostar no Itaú Unibanco no ranking de ativos, ainda liderado com folga pelo BB. No ranking de correntistas, o Bradesco deve ficar na 2.ª colocação, também atrás do BB.