Quase 500 funcionários da empresa Porcelana Schmidt foram demitidos neste mês de maio. O corte foi maior na unidade de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, onde 221 trabalhadores foram afastados. Nas outras sedes, em Mauá, interior de São Paulo, e em Pomerode, em Santa Catarina, foram demitidos 120 e 152 funcionários, respectivamente.
A empresa em Campo Largo confirma as demissões mas não comenta o motivo. A justificativa, segundo o presidente interino do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Porcelana de Campo Largo, Hugo Ruthes, seria a retração do mercado. "A sede de Campo Largo produz cerca de 1,2 milhão de peças por mês, mas o mercado absorve só 50% disso", comenta. "O que acontece é que a empresa não reduz a produção e, com isso, cada vez mais aumenta o estoque", completa. Ainda segundo Ruthes, o corte atingiu trabalhadores de todos os setores - "desde o pessoal de produção até diretores".
No Paraná, os cortes aconteceram na sexta-feira (18). "Foi uma surpresa esse número de mais de 200 demissões", avalia Ruthes. A empresa já vinha dando sinais de que a situação não era boa. Apesar dos salários em dia, os tickets de refeição estão três meses atrasados.
Nesta quarta-feira, muitos dos demitidos em Campo Largo foram até o sindicato tirar dúvidas sobre as demissões. Ruthes descartou a possibilidade de novas demissões e de greve da categoria, mas informou que vai acionar a empresa na Justiça do Trabalho. Isso porque, a empresa, segundo a advogada Silvia da Graça Gonçalves Costa, que representa a Schmidt, propôs o parcelamento em 36 vezes das multas e da verba rescisória. "Não concordamos com esta postura e vamos para a Justiça", adiantou Ruthes. O montante com as multas e rescisões não foi divulgado.
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o seguro-desemprego serão pagos normalmente, garantem Ruthes e a advogada da Schmidt. Ainda segundo o presidente do sindicato dos trabalhadores, a empresa, verbalmente, afirmou que os funcionários demitidos poderão ser recontratados futuramente numa possível melhora financeira da empresa.
Para Ruthes, o corte de mais de 200 funcionários da unidade paranaense é resultado da incompetência administrativa da empresa. "Em nenhum momento foram cogitadas as possibilidades de redução da jornada de trabalho e férias coletivas. A decisão foi pelo corte", concluiu Ruthes.
A reportagem procurou a direção da empresa em Campo Largo para comentar o assunto, mas eles preferem não se pronunciar por enquanto. O diretor da empresa, Harry Arno Schmidt, que fica em São Paulo, também foi procurado pela reportagem. A secretária dele informou que a empresa não está se pronunciando e que deve emitir uma nota oficial nos próximos dias.