O Porto de Antonina se prepara para receber investimentos de infraestrutura no valor de R$ 160 milhões que vão diversificar o perfil do terminal e ampliar a capacidade de movimentação de cargas. Além disso, uma área sem uso será concedida para instalação de uma indústria metal-mecânica. O arrendamento do espaço, se bem-sucedido, será o primeiro do país em conformidade com a nova Lei dos Portos (12.815/2013), que centralizou na Secretaria de Portos a maioria das concessões. Neste caso, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) conduzirá o processo, a partir de uma exceção prevista em lei e avalizada pelo governo federal.
A destinação da área, que tem 32 mil metros quadrados e não afeta as operações portuárias, foi determinada pelo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do terminal. A expectativa é de que o empreendimento receba aportes de R$ 20 milhões e gere cerca de 100 empregos.
Diretor-presidente da Appa, Luiz Henrique Dividino diz que a licitação deve ser lançada em 90 dias e estima que, após o certame, a construção da estrutura leve até dois anos. Uma empresa já manifestou interesse na concessão, que terá validade de 25 anos e é estratégica para esse setor, habitual prestador serviços para a exploração de gás e petróleo em alto-mar. “Se a empresa fabricasse componentes em Curitiba ou região, teria de descer a Serra do Mar e o transporte desse tipo de peça é caríssimo, pois são estruturas muito grandes”, explica.
Dinheiro russo
Já o investimento de R$ 160 milhões virá da empresa russa Uralkali ao longo dos próximos quatro anos. A companhia planeja construir um berço de atracação e dois armazéns de 120 mil toneladas, além de promover melhorias no sistema de gestão de carga do terminal. O empreendimento deve dobrar a capacidade de importação do terminal Ponta do Félix, para 4 milhões de toneladas por ano. A Uralkali deve ampliar o volume de importação de fertilizantes – único produto comercializado no porto, atualmente – e abrir espaço para a exportação de carne, que tem a Rússia como um dos principais mercados.
Saturação
Outro produto que passará a ser movimentado no terminal é açúcar, que não passa por Antonina desde 2013. A opção pelo porto paranaense é reflexo da saturação dos embarques do produto em Santos, explica Dividino. A estimativa é escoar até 200 mil toneladas do produto, já ensacado, neste ano.
Ele avalia que a diversificação de produtos é um dos caminhos para o crescimento do terminal, que passou recentemente por uma dragagem. “O terminal quer aumentar o portfólio de produtos negociados. Se você trabalhar somente com um produto, pode enfrentar um período de baixa e ter problemas.”
Antonina teve crescimento de movimentação nos últimos anos, mas registrou retração em 2014, quando o volume de cargas somou 1,47 milhão de toneladas, cerca de 90 mil a menos que no ano anterior.