A movimentação de cargas no Porto de Antonina, no litoral do estado, corresponde hoje a cerca de um terço do volume que passava por ali entre 2003 e 2005. Mas a fase é de retomada. A carga movimentada em importações e exportações nos dez primeiros meses do ano é a maior desde 2007, o que permitiu desafogar um pouco o Porto de Paranaguá, um dos maiores do país.
A volta das operações que haviam diminuído drasticamente em 2009 e 2010 trouxe dois efeitos práticos para importadores e exportadores. O tempo médio para a carga e descarga em Paranaguá, que era de 20 dias, caiu para 12 com a maior atividade do terminal da Ponta do Félix, em Antonina. Como consequência, o "demurrage" multa por atraso no embarque ou desembarque também diminuiu. A economia foi de cerca de US$ 10 milhões em um ano, segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).
A partir de 2008, a Ponta do Félix ficou proibida de movimentar qualquer outro produto que não fossem os congelados, atividade para a qual foi inicialmente concessionado, uma vez que o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) não havia renovado as licenças ambientais. Problemas de mercado e restrições impostas pelo governo Requião complicaram ainda mais a situação.
Com a troca de governo, a situação foi contornada, e o porto tem movimentado fertilizantes, trigo, minério, carga geral e contêineres. Para o diretor-presidente dos terminais portuários da Ponta do Félix, Luiz Henrique Dividino, a ampliação das atividades foi possível pela soma de investimento em tecnologia e bom relacionamento com o governo e os clientes.
A operação nos dois berços de Antonina que complementam os quatro de Paranaguá é uma estratégia da concessionária privada e do governo do estado para transformar o terminal em uma alternativa ao principal porto do estado. Mas ainda há barreiras que impedem Antonina de ser uma alternativa efetiva. Uma delas é o baixo calado (parte submersa do navio), de no máximo 6 metros, contra até 12 metros em Paranaguá. O governo estadual tem um projeto para aumentar a profundidade no ano que vem, ao custo de R$ 180 milhões. Após a obra, o calado deve chegar a 9 metros.
Perspectivas
A retomada gera uma onda de boas perspectivas para a cidade, além de novos empregos. "Hoje há em torno de 700 funcionários na Ponta do Félix. Só neste ano foram contratados 100. Está circulando mais dinheiro na cidade", diz Jean Rodrigues da Veiga, presidente do Sindicato dos Estivadores de Antonina.
Entrada de fertilizante já equivale a um terço do volume de Paranaguá
O potencial do Porto de Antonina está na movimentação de fertilizantes, produto que começa a ser importado em grandes quantidades pelo terminal. Atualmente, Paranaguá importa em torno de 50% de todo o fertilizante usado no país.
Antes da retomada das atividades em Antonina, o tempo de espera para atracação dos navios em Paranaguá chegava a superar um mês. Agora, com o terminal vizinho em operação, o tempo diminuiu em cerca de três dias. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entraram por Antonina 334 mil toneladas de fertilizantes importados (95% de tudo do que foi importado no porto), volume que corresponde a cerca de um terço da importação de fertilizantes via Paranaguá, de 932 mil toneladas até outubro.
"O desenvolvimento do porto melhora a condição da cidade de Antonina como um todo. O trabalhador tem mais renda, o comércio se aquece e com isso empresas são atraídas para investir na cidade. É um ciclo que se forma", ressalta o diretor empresarial da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Lourenço Fregonese.
Para o superintendente da Appa, Airton Vidal Maron, os números refletem a retomada da credibilidade pelos clientes e o estímulo à atividade produtiva. "O foco agora é incentivar o trabalho sem criar empecilhos. E esta postura já tem sido percebida pelos usuários que voltaram a utilizar Antonina", afirma Maron.