O porto de Itajaí, fechado desde a última sexta-feira por conta das chuvas em Santa Catarina, deixou de movimentar US$ 201 milhões. O cálculo é baseado na média diária de movimentação de US$ 33,5 milhões até outubro, segundo dados do porto. Dois dos três berços de atracamento do porto foram destruídos pela força da correnteza, segundo a assessoria, e o que sobrou só será liberado para operação após a realização de uma perícia técnica, o que deve acontecer até sexta-feira.
A recuperação total do porto de Itajaí, usado principalmente para a exportação de carne congelada -especialmente de frango e suínos- e para a importação de maquinário agrícola, deve durar seis meses, segundo estimativas da prefeitura da cidade, localizada a cerca de 100 quilômetros da capital Florianópolis.
Empresas como Perdigão, Sadia, Seara, Diplomata e WEG, que embarcam por semana cerca de 1.200 contêineres, terão de procurar alternativas de curto prazo para completar suas operações. Artigos como carne, frango e massas são exportados em contêineres-frigoríficos.
- Um dos armazéns perdeu o piso junto com o berço. Ele tinha produtos apreendidos pela Receita Federal e parte desses produtos foram embora com a correnteza - disse a porta-voz à Reuters por telefone. O porto de Itajaí dispõe de um segundo armazém, também usado para guardar produtos apreendidos pela Receita.
A assessoria de imprensa da Sadia informou que o fechamento não gerou "impactos significativos" nas vendas externas. A empresa já transferiu embarques para os portos de Santos, Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). A Perdigão afirmou que ainda não dispõe de informações sobre eventuais impactos.
O ministro-chefe da Secretaria Especial dos Portos, Pedro Brito, deve ir a Itajaí na terça-feira da semana que vem para avaliar os danos causados pela chuva, segundo nota da secretaria.
As chuvas também provocavam desabastecimento de gás em empresas gaúchas. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), cerca de 90 empresas sofriam impacto do rompimento de um duto de gás na cidade de Gaspar, em Santa Catarina, consequência da movimentação de terra provocada pelas fortes chuvas.
De acordo com a assessoria de imprensa da Fiergs, os setores mais atingidos são metal-mecânico, siderúrgico e cerâmico. Empresas instaladas no Pólo Petroquímico de Triunfo, a 75 quilômetros de Porto Alegre, também foram afetadas.
A assessoria de imprensa da Gerdau informou, sem dar mais detalhes, que a empresa teve de diminuir sua produção e que trabalhava na busca de combustíveis alternativos.
A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que opera o gasoduto, prevê que o reparo do duto danificado demorará 21 dias. A operadora colocou em vigor um plano de contingência que prevê o envio de 30 mil metros cúbicos diários de gás o que, de acordo com a TBG, é suficiente para atender o comércio, os consumidores residenciais e os hospitais.
Reservatórios de usinas hidrelétricas transbordaram
As chuvas fizeram também transbordar os reservatórios das usinas hidrelétricas. De acordo com o Operador Nacional do Sistema, o nível da região Sul ultrapassava os 96% no início da semana. A Tractebel Energia tinha duas usinas vertendo água. Ontem, de acordo com o diretor de produção de energia da empresa, José Carlos Cauduro Minuzzo, das suas usinas apenas a de Salto Santiago, no Rio Iguaçu, continuava vertendo. As comportas de vertedouro da hidrelétrica Machadinho foram fechadas.
Essa situação é reflexo dos volumes expressivos de chuvas observados desde setembro, já que a recente enxurrada que se abateu sobre o litoral de Santa Catarina não alterou as condições das usinas da Tractebel, que ficam no oeste do estado. Isso porque as fortes chuvas se restringiram às bacias hidrográficas dos rios que correm para o litoral do estado.