Dentro de trinta dias iniciam-se as obras da nova dragagem de manutenção, troca dos carregadores dos navios e reformas nas vias de acesso ao Porto de Paranaguá. Os investimentos, que somam R$ 175,7 milhões, foram assinados ontem pelo governador Beto Richa. As reformas devem ficar prontas até o segundo semestre de 2015.
A maior parte da obra se trata da dragagem de manutenção, onde devem ser reirados mais de sete milhões de metros cúbicos de sedimentos e areia. O aprofundamento será feito nos canais de acesso, bacia de evolução e nos berços de atracação. Esta fase da obra custará R$ 114,3 milhões. A ideia é aumentar a produtividade do porto, podendo receber navios maiores e mais carregados. Esta será a maior dragagem feita em Paranaguá e Antonina desde 1999.
Outros R$ 59 milhões serão usados para a compra e instalação de quatro shiploaders, equipamentos que fazem o carregamento dos navios. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) avalia que o corredor de exportação do porto possa ficar até 33% mais ágil do que é hoje. "Os shiploaders atuais são da década de 70. É um investimento que o porto estava esperando há muito tempo", afirma o governador Beto Richa.
Os novos carregadores terão capacidade para embarcar duas mil toneladas de grãos por hora os atuais carregam 1,5 mil toneladas por hora. Além disso, os novos equipamentos têm lança dez metros maiores do que os atuais, e são mais adequadas para carregar grandes embarcações. "Não podemos simplesmente parar o porto para fazer a substituição dos equipamentos. A troca dos carregadores vai ser gradual e deve ser feita em dois anos", explica o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino.
O restante dos recursos R$ 2,4 milhões serão usados para a recuperação de dez vias de acesso ao porto. As obras consistem na recuperação da pavimentação e asfaltamento de ruas que atualmente são de chão batido.
De acordo com Dividino, as obras devem recuperar parte da falta de investimentos que o porto deixou de receber nos últimos anos. "É preciso recuperar o atraso. A cada ano batemos recorde de movimentação, mas as modernizações precisam ser feitas para que a gente dê conta do que os usuários do porto demandam", afirma. A expectativa da Appa é que, neste ano, o porto movimente 50 milhões de toneladas.
Appa discutirá proposta de arrendamento
O anúncio das obras foi feito na esteira do novo plano de arrendamento do porto anunciado na semana passada pelo governo federal. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) começa hoje uma rodada de negociações com operadores, usuários e clientes do porto para coletar sugestões de mudanças para enviar à Secretaria Especial de Portos (SEP) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A ideia é modelar a proposta apresentada pelo governo federal para atender as necessidades locais do porto paranaense.
O plano, elaborado pela Estruturadora Brasileira de Projetos, foi recebido com críticas pelos operadores e cooperativas, por não contemplar os principais itens levantados como prioridade no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento dos Portos do Paraná (PDZPO). O receio é que, além de concentrar as ações dentro do porto, a medida encareça a operação portuária.
"Fizemos um levantamento muito extenso ao longo de um ano para mostrar quais eram as necessidades de Paranaguá. Agora, vamos concentrar as principais demandas novamente para ajudar com o processo de consulta pública", afirma o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino. A Antaq receberá as sugestões ao longo de trinta dias.
Confusão
Além da crítica dos usuários, a confusão com a estimativa dos investimentos ainda persiste. Um dia antes do anúncio oficial, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, tinha adiantado que os investimentos somariam R$ 2,6 bilhões. No dia seguinte, no entanto, a proposta constava que o total dos arrendamentos custaria R$ 1,6 bilhão. A diferença, corrigida mais tarde para cima, englobava um novo terminal de contêineres a ser construído ao lado da atual área do Terminal de Contêneres do Paraná (TCP), em uma área a ser aterrada.
O documento detalhando a consulta e confirmando os valores deveria ter sido publicado ontem mas, no entanto, não foi ao ar no site da agência nacional.