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Logística

Porto deixa de atender 9 navios em 12 horas de paralisação

Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" | Divulgação/www.cinefrance.com.br
Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" (Foto: Divulgação/www.cinefrance.com.br)

Paranaguá – Aproximadamente 78 mil toneladas de adubo e soja deixaram de ser movimentadas em nove navios ontem no Porto de Paranaguá. A estimativa é dos sindicatos dos estivadores e dos conferentes, que resolveram cruzar os braços por 12 horas, o correspondente a dois turnos de trabalho, devido à falta de acordo com o Sindicato dos Operadores Portuários (Sindop) em relação ao repasse de verba destinada a um fundo social. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) não confirmou os números e declarou que não comentaria a greve. O Sindop também não quis se pronunciar sobre possíveis prejuízos.

Em solidariedade às duas categorias, outros sindicatos também suspenderam o trabalho. O número de trabalhadores mobilizados passou de quatro mil pessoas, incluindo condutores autônomos, arrumadores, consertadores, vigias e portuários. Somente a movimentação de cargas de empresas que não são filiadas ao Sindop não foi prejudicada com a paralisação. O trabalho em alguns terminais foi mantido porque o repasse do dinheiro, calculado com base no volume de carga movimentada, é feito diretamente aos trabalhadores, sem a intervenção do sindicato patronal.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Conferentes, Carlos Tortato, a decisão pelo protesto foi tomada depois de várias tentativas frustradas de negociação com os operadores portuários. "Esperamos o tempo que foi possível. Eles (Sindop) foram empurrando com a barriga e nós não podíamos aguardar mais uma reunião para que falassem novamente que não vão mudar de posição", diz o sindicalista.

Ao final de uma carreta realizada ontem pelas ruas de Paranaguá, o presidente do Sindicato dos Estivadores, Ariovaldo Barbosa, lamentou que a situação tenha chegado a este ponto. Ele lembrou que há oito anos não havia uma paralisação da categoria em protesto contra o Sindop e ressaltou que hoje os trabalhadores se reúnem no fim do dia para saber quais serão os próximos passos e se haverá nova parada. "Eu adianto aqui, de antemão para vocês, que hoje [ontem] às 19 horas o trabalho volta ao normal. Trabalharemos normalmente também amanhã [hoje] e nos reuniremos no fim do dia, depois de uma reunião com o governador e outra com o Sindop, para avaliarmos a situação", concluiu.

Motivo

A briga entre trabalhadores e patrões começou depois que o Sindop parou de depositar uma verba mensal que era utilizada pelos estivadores e conferentes para o custeio de serviços de saúde dos sindicalizados e dependentes. De acordo com os trabalhadores, o pagamento era resultado de um acordo feito em 1997 e servia como compensação pela diminuição de postos de trabalho.

Em nota o Sindop afirmou que o Fundo Social foi pactuado em convenção coletiva de trabalho e que jamais esteve vinculado a uma indenização infinita em função da redução de equipes, tendo inclusive o término previsto para o ano seguinte. O texto ainda diz que a cada convenção coletiva subseqüente o fundo era novamente negociado e assim permaneceu até o vencimento da última convenção, quando então foi suspenso em definitivo pelos operadores portuários. "Os Operadores portuários estão dispostos a negociar novos benefícios com os trabalhadores, dentro de uma sistemática adequada à modernidade dos dias atuais, e dentro das reciprocidades habituais que marcaram o patrimônio negocial construído pelas duas entidades", finaliza.

A Procuradoria Regional do Trabalho do Paraná recomendou ao Sindop que mantivesse o pagamento, já que as normas das convenções coletivas, mesmo vencidas, devem permanecer até a confirmação de um novo acordo. "Esse é o entendimento, mas a decisão cabe ao sindicato. A nova convenção está pendente de assinatura", afirmou o procurador do Trabalho Ricardo Bruel. Segundo ele, a procuradoria está acompanhando a situação em Paranaguá, para verificar se não ocorreram abusos.

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