Porto Digital cresce e avança além das divisas do Recife

O Porto Digital, parque tecnológico resultante da organização social (OS) criada na capital pernambucana em 2000 para impulsionar empresas de tecnologia e de economia criativa, está expandindo seus limites. Armazéns da Criatividade estão sendo implantados em Caruaru e Petrolina, no interior de Pernambuco, para reunir profissionais de diversas áreas com o desejo comum de criar negócios inovadores. Com estações de trabalho, salas de reunião e espaço para eventos, os armazéns são ambientes colaborativos para a aceleração dos empreendimentos.

Nesses 14 anos de existência, o Porto Digital colocou Pernambuco em lugar de destaque nos rankings de inovação e tem colecionado números expressivos. Sob sua governança funcionam 250 empresas – 230 delas privadas – que juntas faturam R$ 1 bilhão por ano e empregam diretamente 7 mil pessoas com salário médio de R$ 3 mil. Além das empresas, fazem parte do arranjo produtivo laboratórios, incubadoras, institutos de pesquisa, de design e de inovação, como o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), um de seus empreendimentos mais conhecidos.

Este ano, além da expansão, o Porto Digital lançará um MBA em Sistemas e Estratégias de Inovação, cuja aula inaugural será ministrada no próximo dia 12 por Silvio Meira, fundador e presidente do Conselho de Administração do Porto. O curso de 18 meses é um dos muitos projetos estruturantes que a organização implanta para apoiar os parceiros. "Nossa meta para 2022 é ter aqui 20 mil pessoas ocupadas em atividades de alta qualificação", diz Guilherme Calheiros, diretor de inovação e competitividade do Porto Digital.

Telhados vermelhos

O desenvolvimento é visível também no campo urbanístico. Isso porque além da redução de 60% no Imposto sobre Serviços (ISS), benefício usualmente concedido a polos de tecnologia, as empresas ligadas ao Porto obtêm até 15 anos de isenção no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ao ocupar e assumir a responsabilidade pela conservação de construções do Recife Antigo, marco zero da cidade. Casarões abandonados têm sido restaurados e adequados para receber empresas modernas.

Claudio Marinho, secretário de Planejamento de Pernambuco quando o governador Jarbas Vasconcelos implantou o Porto Digital, comemora a revitalização do bairro com o que chama de melhora no "índice de telhados vermelhos" – uma alusão às telhas novinhas que substituem coberturas em ruínas. Para ele, o sucesso da iniciativa, que agora abrange também o vizinho bairro de Santo Amaro, está justamente na preocupação com as raízes da cidade. "Em vez de um centro tecnológico isolado, escolhemos ocupar o coração da cidade e envolver os recifenses", conta.

Para embarcar

Além das pernambucanas, que são maioria, o parque também reúne empresas mundialmente conhecidas, como a IBM e a Microsoft. É o Núcleo de Gestão do Porto que apoia a adesão de novos parceiros com apresentação do ambiente de negócios, análise do empreendimento, prospecção de local e informações sobre os benefícios e incentivos fiscais para a instalação nos bairros do Recife Antigo ou Santo Amaro. É necessário que a atividade seja ligada à informática ou à economia criativa – lazer, fonografia, fotografia, cinema e reprografia. O formulário de embarque está no site www.portodigital.org.