Porto de Paranaguá destaca a maior diversidade de cargas embarcadas em navios que atracam nos terminais paranaenses.| Foto: RodrigoFelixLeal/Divulgação

Dragagem do canal de acesso será iniciada no ano que vem

Para a Appa, o Porto de Paranaguá não terá problemas para financiar investimentos em 2009, apesar da crise financeira que ameaça o orçamento federal para o ano que vem. De acordo com o superintendente Daniel Lúcio de Souza, a Appa tem em caixa R$ 420 milhões. São recursos próprios, coletados por meio de tarifas portuárias. Além disso, Souza diz acreditar que a principal obra federal no porto, a dragagem do canal de acesso, será licitada até o começo de 2009.

Nos próximos meses, a Appa espera terminar obras que estão em andamento – um terminal de fertilizantes, um pátio para veículos, e melhorias no pátio de triagem. A autoridade portuária pretende licitar até o começo de 2009 a remodelação do cais, projeto ainda sem estimativa de custo e que aumentaria a profundidade das áreas de atracagem.

A obra no cais está ligada ao projeto de dragagem que está sendo feito pela Secretaria Especial de Portos, órgão do governo federal que cuida do setor. O investimento federal permitirá que a profundidade do Canal da Galheta, que dá acesso ao porto, seja aprofundado dos atuais 11 metros para 16 metros. Assim, navios maiores terão acesso ao cais remodelado.

O projeto da Secretaria dos Portos acabaria com um período de três anos sem dragagem em Paranaguá. A obra é necessária porque com o tempo há acumulação de areia no canal por onde passam os navios. O problema já fez com que a Capitania dos Portos reduzisse a profundidade máxima permitida para navegação (calado). (GO)

CARREGANDO :)

O novo superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio de Souza, assumiu o cargo há menos de dois meses e já tem de enfrentar um momento delicado do comércio exterior. Até outubro, quando a crise financeira internacional entrou em sua fase mais aguda, o porto registrava uma queda nos volumes movimentados. Apesar disso, o faturamento dos exportadores subia embalado por preços altos. Agora, o mercado passa por um ajuste que tende a reduzir os valores dos produtos embarcados, com o risco de os volumes não voltarem a crescer.

"A crise internacional afeta os portos do Paraná no sentido de que nossos clientes, os usuários da nossa estrutura, têm suas carteiras de negócios prejudicadas", afirma Souza. "Houve uma mudança drástica nos preços das commodities, o que influencia muito os volumes movimentados." As exportações por Paranaguá somaram 18,9 milhões de toneladas nos primeiros dez meses do ano, 17% abaixo das 22,9 milhões de toneladas embarcadas no mesmo período de 2007.

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A exportação de contêineres ficou praticamente estável. Foram 247 mil TEUs (unidade que representa um contêiner de 20 pés) no período de janeiro a outubro de 2007 e 245 mil TEUs em 2008. Apesar do volume menor, a receita cambial do porto subiu de US$ 9,6 bilhões, nos dez primeiros meses de 2007, para US$ 11,9 bilhões em 2008.

A maior parte da retração ocorreu por conta da queda nas exportações de milho e de farelo de soja. "O mercado interno absorveu uma parte maior da produção de milho neste ano, por isso os embarques caíram de 4 milhões de toneladas para 1,4 milhão de toneladas", explica o superintendente. A retração no segmento de farelos foi de 700 mil toneladas.

Houve expansão na exportação de açúcar, papel, madeira e congelados, produtos com maior valor agregado do que os grãos. Isso explica o avanço na receita cambial do porto. A diversificação da pauta de embarques é vista como uma evolução pela Appa, pois protege o porto de oscilações bruscas em alguns mercados. Soja, milho e seus derivados somavam 60% da movimentação em Paranaguá no início da década de 90. Hoje, a proporção é de 30%.

Importações

O movimento de importações que entram por Paranaguá não acompanhou o ritmo do comércio exterior brasileiro. Nos primeiros dez meses de 2008, houve um pequeno aumento no volume de líquidos, de 1 milhão de toneladas para 1,2 milhão de toneladas. No segmento de granéis sólidos, houve uma retração de 450 mil toneladas, em grande parte por uma queda nas importações de fertilizantes e trigo.

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O volume de contêineres que chegaram pelo porto subiu de 248 mil TEUs para 250,5 mil TEUs. No segmento de veículos as importações subiram de 49 mil para 64 mil unidades, compensando em parte a queda nas exportações, de 92 mil para 70 mil unidades.