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Zona do euro

Portugal admite que déficit de 2010 foi pior que o divulgado

“Este governo [interino] não tem legitimidade nem poder para negociar um acordo [de socorro financeiro]", Fernando Teixeira dos Santos, ministro das Finanças português | Rafael Marchante / Reuters
“Este governo [interino] não tem legitimidade nem poder para negociar um acordo [de socorro financeiro]", Fernando Teixeira dos Santos, ministro das Finanças português (Foto: Rafael Marchante / Reuters)
Entenda o caso da crise portuguesa |

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Entenda o caso da crise portuguesa

São Paulo - O governo de Portugal admitiu ontem que o déficit nas contas públicas em 2010 foi de 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB), maior que o índice anunciado anteriormente – e maior, também, que a meta estabelecida para o rombo do ano passado.

Desde a piora da crise, na última quarta-feira, analistas lançaram suspeitas de que Portugal estaria subestimando suas contas públicas para esconder o tamanho do rombo financeiro. O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) se justificou alegando que o valor subiu por causa da mudança de metodologia. Portugal passou a adotar o mesmo cálculo dos outros países da zona do euro. Na nova metodologia, incluiu o resultado de dois bancos e empresas de transportes estatais. Com isso, o déficit cresceu em 1,8 ponto do PIB. O déficit público nominal é o rombo nas contas do governo depois de pagar as despesas correntes, os investimentos e os juros da dívida pública.

O déficit público divulgado está acima da meta de 7,3% do PIB para o ano passado, o que aumenta a crise de confiança dos investidores em Portugal. O país já teve sua nota de risco rebaixada por todas as agências de classificação e paga os juros mais altos da história do euro na emissão de títulos públicos. A crise já se alastrou para seus bancos, que também tiveram suas notas de risco rebaixadas pelas agências de classificação. Os juros pagos ontem nos títulos de dez anos do governo português subiram para 8,5% e, nos papéis com vencimento em cinco anos, os juros foram para 9,3% ao ano.

Dívida

Após a revisão, o governo português admitiu que a dívida pública é de 92,4% do PIB. Com os juros altos, a principal dificuldade do governo é de financiar essa dívida elevada. Além do problema estrutural com elevado déficit e dívida, o país enfrenta uma crise de curto prazo porque tem vencimentos elevados de títulos concentrados em abril e junho. Por isso, analistas acreditam que o governo não conseguirá se manter sem pedir ajuda financeira externa, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu. O Brasil também se propôs a socorrer Portugal, mas ainda não divulgou como será feita essa ajuda.

A piora na crise portuguesa ocorreu na quarta-feira da semana passada, quando o primeiro-ministro José Sócrates renunciou, colocando o país em um limbo político. O pedido de demissão de Sócrates foi consequência da derrota sofrida por ele no Parlamento, que vetou um pacote de ajuste fiscal contra a crise. O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, disse ontem que esse governo "não tem legitimidade nem poder para negociar um acordo [de socorro financeiro]".

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