Portugal recebeu o aval nesta segunda-feira (4) de seus credores internacionais - União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) - um ano depois de beneficiar-se de um programa de resgate que lhe obrigou a realizar sérios cortes e que está fazendo subir o desemprego no país ibérico.
"De acordo com a avaliação das instituições internacionais, estamos respeitando nosso programa de recuperação", disse o ministro das Finanças português, Vitor Gaspar.
Segundo o ministro, UE, FMI e BCE recomendarão o pagamento da quinta parcela da ajuda prevista no programa, de 4,1 bilhões de euros.
"Alcançamos nossos objetivos quantitativos", disse o ministro, que manifestou satisfação com uma "rápida redução dos desequilíbrios externos em um contexto internacional desfavorável".
Segundo o ministro das Finanças, Portugal cumprirá os objetivos para 2012, de reduzir o déficit a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Gaspar anunciou ainda que o Estado português injetará 6,65 bilhões de euros em dois bancos privados (BCP e BPI) e em um público (CGD) para que estes possam cumprir com as exigências de fundos impostas pelas autoridades bancárias europeias.
Deste valor, cinco bilhões procederão do fundo de 12 bilhões de euros previsto pelo programa de ajuda a Portugal.
Com esta soma, Portugal terá recebido cerca de 75% da ajuda total de 78 bilhões de euros acordada em maio de 2011 pela UE e FMI em troca da aplicação durante três anos de um amplo programa de ajustes e de reformas estruturais.
A avaliação positiva da situação de Portugal, no entanto, foi afetada por um desemprego maior que o previsto.
O governo teve que revisar suas estimativas e prevê que o desemprego chegará a 15,5% em 2012 e a 16% em 2012. As previsões anteriores apontavam uma taxa de 14,5% em 2012 e de 14,1% em 2013.
"Desde 2010, a alta do desemprego está superando as previsões, mesmo se levado em conta o recuo da atividade econômica", admitiu o ministro de Finanças, um fenômeno que não é exclusivo de Portugal, sendo que na Espanha o desemprego atinge mais de 24% da população economicamente ativa.
Gaspar também anunciou um novo programa para impulsionar o emprego para os jovens, que possuem uma taxa de desemprego de mais de 36%.
Segundo o ministro, seu governo continuará aplicando medidas para flexibilizar o mercado de trabalho com o objetivo de criar emprego "no médio prazo".
Portugal adotou no mês passado uma reforma do mercado de trabalho para gerar maior flexibilidade nos horários e nos motivos para demissão, além de suprimir o pagamento de feriados.
O ministro confirmou ainda que a economia portuguesa se contrairá em 3% em 2012, um pouco menos do que o previsto (3,3%) na anterior avaliação da troika.
Apesar de seus bons resultados, Portugal continua sob ameaça de um contágio da situação de outros países da zona do euro, como Grécia e Espanha, disse recentemente o Banco De Portugal.