O governo de Portugal está prevendo uma forte queda em seu crescimento econômico no próximo ano, em um momento no qual reduções salariais e aumentos de taxas atingem a economia, de acordo com um pacote orçamentário que ainda precisa obter o apoio da oposição.
Disponível no website do Parlamento neste sábado, o orçamento do governo prevê crescimento de apenas 0,2 por cento em 2011, abaixo de uma estimativa prévia de 0,5 por cento, e muito aquém dos 1,3 por cento de previsão para este ano.
Portugal está sob intensa pressão de outros países da zona do euro e mercados financeiros para restaurar a confiança em suas finanças e aprovar um orçamento que controle seu déficit. Mas o governo de minoria do primeiro-ministro José Sócrates precisa assegurar que a oposição ajude a aprovação do orçamento no Parlamento, no final deste mês.
O chefe do oposicionista Partido Social Democrata, Pedro Passos Coelho, prometeu anunciar a posição de seu partido sobre o orçamento após um encontro na terça-feira.
Sócrates alertou que, se o orçamento não for aprovado, ele irá renunciar. Se o governo cair devido ao problema, as autoridades eleitorais dizem que não podem realizar um pleito imediato, afundando o país em uma incerteza política até ao menos maio do próximo ano.
"Todo orçamento é importante, mas este orçamento é sem dúvida o mais importante dos últimos 25 anos", afirmou o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, quando entregou a proposta ao Parlamento, na noite de sexta-feira.
Após uma ajuda conjunta da UE e do FMI à Grécia no começo deste ano, Portugal virou prioridade na batalha da zona do euro contra o déficit e a fraqueza dos bancos.
A proposta confirmou que Lisboa pretende cortar seu déficit orçamentário para 4,6 por cento do PIB no próximo ano, de um estimado de 7,3 por cento neste ano.
Governos de toda a Europa vêm tomando medidas de austeridade para cortar seus déficits orçamentários, assim como buscam tirar seus economias da maior crise financeira em décadas.Economistas dizem que o orçamento de 2011 quase certamente colocará o país de novo na recessão, com o Barclays Capital prevendo que a economia vai encolher 1,1 por cento no próximo ano devido às medidas de austeridade.
O desemprego em Portugal está no maior nível em duas décadas, acima dos dez por cento. Sindicatos e trabalhadores estão furiosos com a austeridade que o orçamento trará após anos de baixas rendas sob a administração dos socialistas. Uma greve geral está planejada para 24 de novembro.