São Paulo e Lisboa - A agência Standard & Poors (S&P) baixou ontem pela segunda vez em menos de uma semana a nota de classificação de risco da dívida de Portugal de "BBB" para "BBB-". A S&P já havia rebaixado a nota de Portugal na quinta-feira passada, pouco depois de medida similar adotada pela agência Fitch. Além de reduzir a nota de Portugal, a agência manteve o país em perspectiva negativa diante das dificuldades econômicas e de sua situação política, o que significa que pode haver novos rebaixamentos nos próximos meses.
Portugal enfrenta uma crise política desde a renúncia do primeiro-ministro José Sócrates, na quarta-feira passada, quando o Parlamento rejeitou seu novo plano de estabilidade financeira. A crise caiu nas mãos do chefe do Estado, o presidente Aníbal Cavaco Silva, que tenta evitar a quebra do país.
Sócrates, que permanece como interino, disse que seu governo não pretende pedir ajuda financeira mesmo diante da crescente pressão do mercado e atribuiu a crise política do país aos partidos da oposição. "Estou cansado de dizer que o governo não tem a intenção de pedir resgate", afirmou.
A perspectiva negativa, afirma a agência, reflete a possibilidade de que o ambiente macroeconômico se deteriore e que a crise política afete a implementação de ajustes do orçamento deste ano para reduzir o déficit do país para 4,6%, metade do que alcançou em 2009. A perspectiva se deve também aos riscos representados pelo enfraquecimento sustentado da demanda interna, como consequência das medidas governamentais de austeridade e a "crescente hostilidade da opinião pública" sobre elas. As dificuldades da situação financeira e política podem afetar negativamente o sistema financeiro português e fazer com que haja "necessidade" de o país pedir ajuda, explicou a agência.
A S&P cortou ainda a nota de quatro brancos portugueses Banco Espírito Santo, Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos e Banco Santander Totta para "BBB". Anteriormente, o Santander Totta tinha nota "A" e os demais, nota "A-".