A maioria dos profissionais brasileiros não tem objetivos claros para o médio e longo prazos, mas mesmo assim estão felizes com o momento atual na carreira essa felicidade, porém, pode ser passageira. Esse é o resultado da pesquisa realizada por Jaqueline Weigel, diretora do Núcleo de Coaching Integração. A "sorte" dos mal-planejados é que a economia brasileira vai bem. Isso porque, segundo especialistas, os colaboradores e funcionários sem metas definidas geralmente não buscam aprimoramento profissional, mas, com o mercado aquecido e a falta de mão de obra qualificada, acabam tornando-se necessários às corporações, mesmo sem planejamento da carreira.
O estudo ouviu mil profissionais em São Paulo e no Rio Grande do Sul, mas a especialista afirma que essa é uma realidade de todo o país. O levantamento mostra que 65% não têm ou não sabem claramente seus objetivos de médio e longo prazos. Um profissional nesta situação tende a se tornar o "reclamão" da empresa, aquele que só pensa em aumento e está sempre à procura de um novo trabalho.
"As pessoas não foram ensinadas a criar metas tangíveis e claras, então têm anseios abstratos, como ter saúde e paz, ou a mais simples e rasa de todas: ganhar dinheiro. Essas pessoas não são treinadas para serem conquistadores de sonhos e não são capazes de responder perguntas básicas como quem é você, qual é seu sonho e porque ele é importante para você?", analisa Jaqueline.
A intenção da executiva foi mostrar aos gestores e líderes que os planos de carreira tradicionais das empresas podem não ter efeito em profissionais que não se planejam. No entanto, o estudo também revela que 68% declaram-se felizes no momento atual, 29% parcialmente felizes e 3% demonstram um alto grau de infelicidade ou insatisfação. "Percebemos que o brasileiro está feliz, até mesmo eufórico, mas ao mesmo tempo perdido e despreparado para o crescimento do país", ressalta Jaqueline.
Preparação
O funcionário da rede de supermercados Walmart Leandro Martins se preparou para ocupar o posto onde está. Ele começou na empresa há 11 anos como auxiliar de serviços gerais e mais tarde passou a ser operador de caixa. Aos poucos percebeu que queria ficar na organização e colocou o estudo em pauta: ele se formou em Administração e hoje trabalha como gerente assistente de compras de itens perecíveis da rede norte-americana para as lojas do Paraná. Os planos não param por aí. "Para os próximos cinco anos já tenho como meta aprimorar o meu inglês e galgar mais duas posições dentro da empresa", ambiciona Martins.
Para o consultor Carlos Contar, da Business Partners, quando o profissional não está com suas metas traçadas e, principalmente, quando elas não incluem o aprimoramento, o colaborador fica apenas no "feijão com arroz" em seu trabalho. "Com o aquecimento do mercado, as empresas fazem as movimentações, realizando promoções e aumentando a remuneração, para segurar os profissionais, mesmo aqueles que deixam de lado o planejamento das carreiras e a busca pelo conhecimento", avalia.
Uma das recomendações de Jaqueline é que os profissionais, tornem-se protagonistas da vida profissional. "O deixa a vida me levar é muito bonito na música, mas não na carreira. A pessoa precisa ser responsável por sua história", pondera a executiva.