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66% são a favor de banir redes sociais no trabalho

Regis Nishimoto, da Perkons: nova política liberalizou a navegação dos funcionários | Maria Amelia Franco/Divulgação
Regis Nishimoto, da Perkons: nova política liberalizou a navegação dos funcionários (Foto: Maria Amelia Franco/Divulgação)
José Manuel Barbosa, da salsa:mobion: importante é aculturar funcionário |

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José Manuel Barbosa, da salsa:mobion: importante é aculturar funcionário

Pouco mais de 65% dos curitibanos que têm acesso à internet no trabalho concordam que as empresas deveriam proibir o uso das redes sociais durante o expediente. Cerca de 70% também acham correto que as companhias monitorem os sites frequentados pelos funcionários. O resultado é de um levantamento do Paraná Pesquisas, feito com exclusividade para a Gazeta do Povo entre 14 e 24 de janeiro. A margem de erro é de 7 pontos porcentuais.

Uma das possíveis explicações para o resultado é a percepção de que o uso das redes sociais afeta a produtividade dos trabalhadores. A Mundi Trade, empresa de comércio exterior, optou por banir os sites de relacionamento justamente por perceber que o acesso ao Facebook, Orkut e Twitter estava afetando o desempenho da equipe. A decisão foi tomada em conjunto com os funcionários, de acordo com o diretor-geral da companhia, Bruno Molteni. Ele conta que, após um levantamento, foi constatado que cerca de 30% das horas de trabalho dos funcionários eram gastas em alguma rede social. "Mostramos os números e eles concordaram que era a melhor coisa a ser feita. O fato de não ser bloqueado gerava uma certa tentação, então eles próprios foram a favor de bloquear, porque seria uma maneira de melhorarem seus rendimentos no trabalho", diz Molteni.

Na Perkons, empresa de tecnologia e soluções de trânsito, a mudança foi no sentido contrário. Antes pouco flexível em relação ao uso das redes sociais, a empresa estipulou uma nova política em setembro do ano passado. Agora, basicamente, a responsabilidade é do funcionário, conta Régis Eidi Nishimoto, gerente de operações da empresa. "A nossa orientação é que o funcionário não deve fazer nada que a lei do nosso paí não permite. De resto, não bloqueamos nada", afirma ele. "Obviamente a gente recomenda o uso consciente dos sites, mas isso vai de cada um. O que importa é o que vai se refletir no resultado." Com cerca de 300 funcionários, a Perkons também orientou os trabalhadores a não repassar informações sigilosas e confidenciais da empresa.

Quem acessa

Segundo o levantamento do Paraná Pesquisas, 65% dos entrevistados afirmam não acessar as redes sociais no trabalho. Entre aqueles que usam, 45% dizem que frequentam as redes sociais apenas para assuntos particulares; 26%, para assuntos profissionais; e 29%, para ambos.

E-mail

Metade dos curitibanos afirmou que acessa o e-mail pessoal du­­rante o trabalho. Destes, a maioria diz checar o e-mail apenas uma vez ao dia. O uso do e-mail de trabalho em casa também foi alvo das perguntas – 45% afirmaram que checam o correio eletrônico da empresa nos fins de semana, feriados ou nas férias.

Quando questionados sobre qual aparelho utilizam para acessar a internet no trabalho, 84% afirmaram que usam o computador, 27% utilizam o celular e 5% usam tablets. Quase 20% também afirmaram que não estão satisfeitos com a máquina de trabalho oferecida pela empresa.

Poucas empresas têm código de conduta

Um dos resultados que mais chama a atenção no levantamento do Paraná Pesquisas é o número de empresas que não têm uma política de uso das redes sociais pelos funcionários. Segundo a pesquisa, apenas 34% dos entrevistados afirmam que a companhia para qual trabalham têm um código de conduta a esse respeito.

Para José Manuel Catarino Barbosa, diretor-geral da sal­sa:mobion, consultoria especializada em inteligência e estratégia digital, a empresa deve se planejar e implementar uma política do uso das redes sociais de forma gradual. "O primeiro passo e um dos mais importantes é orientar o funcionário sobre como usar a rede social. Pode ser que ele não tenha acesso aos sites no trabalho, mas ele terá em casa, na lan-house, em algum lugar. E a empresa precisa deixar clara a sua posição. Se esse funcionário colocar em seu perfil que ele trabalha na empresa X, a empresa estará automaticamente ligada à imagem desse funcionário", diz Barbosa.

Ele diz que as recomendações são baseadas no bom senso, como ter cuidado em fazer brincadeiras envolvendo o local de trabalho e o sempre falar de maneira positiva quando usar o nome da empresa em algum comentário.

O segundo passo, segundo Barbosa, é a entrada numa rede social mais íntegra, diferente das mais populares, como Facebook e Twitter. "A primeira rede social que recomendamos liberar é o LinkedIn. É uma rede eminentemente profissional, em que a pessoa não vai poder postar fotos ou ficar dando suas opiniões. É um começo de um processo de aculturação de uso consciente das redes sociais. Depois, começamos a liberar alguns blogs relacionados à atividade do trabalho", afirma. As etapas seguintes são de liberalização do YouTube e, então, do Facebook e Twitter. Em média, o processo dura cerca de seis meses, segundo Barbosa.

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