Ser pai ou mãe pode ser um empecilho profissional? Muito pelo contrário. Um levantamento realizado com mais de 2 mil recrutadores e empresários mostra que 68% consideram a paternidade e a maternidade uma qualificação para carreira. Os dados foram divulgados em 2016 pela Career Builder, multinacional de soluções em capital humano.
Pais e mães valorizam outros pais e mães na hora da contratação
Que habilidades os papais e mamães geralmente desenvolvem
As habilidades mais destacadas pelos empregadores são: a paciência, a capacidade de fazer várias tarefas ao mesmo tempo (o chamado multitasking), assim como o gerenciamento do tempo e de conflitos.
“A paternidade leva a pessoa a um novo grau de responsabilidade, aprendendo a ser mais paciente, solidária e dar limites e direcionamentos”, comenta a psicóloga Rosemary Padilha, vice-presidente da Associação Paranaense de Terapia Familiar – APRTF.
Mestre em Educação, a profissional trabalha diretamente com gestão de conflitos, e compara os ambientes corporativo e familiar. “Como função materna, o gestor precisa desenvolver capacidades como organização e criação de vínculo para o funcionário. E tem a função paterna que apresenta limites, proteção e direção”, analisa.
Crescendo com as filhas
Pai de primeira viagem, Cristian Trentin é um daqueles empreendedores que fazia mil coisas ao mesmo tempo – até a chegada de Maria Luiza, filha de 2 anos do jovem de 31 anos.
Sócio da aceleradora de empresas Grupo Mind e da startup de logística SendFour, Cristian fundou a Ecobike Courier, uma das maiores empresa de entregas sustentáveis do país - negociada no ano passado. Para conciliar as atividades, com um bebê em casa, ele garante: “Essa pesquisa [da Career Builder] faz sentido. Ser pai traz um sentimento de responsabilidade muito maior. O que antes eu fazia para mim, hoje faço por minha filha”, diz.
O sentimento de trabalhar por um propósito é compartilhado por Elizangela de Paula Kuhn, de Foz do Iguaçu. Mãe de duas filhas, uma de 18 e outra de 23 anos, e diretora da De Paula Contadores Associados, a executiva diz que “certamente a maternidade me impulsionou no envolvimento social, pois sinto que tenho o papel de ajudar a construir um futuro melhor”.
Primeira presidente da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu, membro da Comissão Estadual da Mulher Contabilista e do Observatório Social de Foz do Iguaçu, ela afirma que “ser mãe ajuda a desenvolver melhor o senso de coletividade, a desenvolver a tolerância, a empatia e a ter um olhar diferente quando lidamos com colaboradores e clientes”.
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Múltiplas capacidades
Antes do nascimento de Débora, sua primeira filha, Elizangela tinha cargo de assistente na empresa e, paralelamente, cursava Contabilidade. Ao invés de largar estudos ou trabalho, foi em frente. “Como tinha pouco tempo para ficar com minha filha, montei uma programação para ela estar acordada quando eu chegava em casa”, lembra, exemplificando como ser mãe ajuda na gestão de tempo.
Com o tempo, ela assumiu diversos cargos de gerência, antes de se tornar diretora da companhia. Durante esse crescimento pessoal e profissional, coincidentemente enquanto cursava a segunda faculdade (Direito), veio ao mundo a filha Vitória. “Se você souber aproveitar as experiências, irá aprender que tanto o trabalho ajuda com a família, quanto o contrário”, opina a hoje contabilista e advogada.
Cristian também conta como a paternidade ajudou a colocar um freio na correria do trabalho. “O fato de viajar constantemente acabou influenciando na decisão de negociar a Ecobike. Cada vez que voltava de viagem, minha filha estava um pouco diferente”, conta ele, mostrando como a paternidade ajuda na tomada de decisões – outro ponto destacado na pesquisa da Career Builder.
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Pais e mães valorizam outros pais e mães na hora da contratação
Para os empreendedores Cristian Trentin e Elizangela de Paula Kuhn, a dedicação familiar pode ser um diferencial no momento de contratar funcionários.
“Quando precisei escolher entre um candidato com ou sem família próxima, optei por quem tinha filhos, e nunca me decepcionei. Claro que isso depende do indivíduo, mas o jovem que mora com os pais pode não ter tanto compromisso quanto aquele que tem a responsabilidade familiar”, opina Cristian.
Elizangela tem opinião similar. “Levo em consideração como a pessoa lida com a questão familiar não apenas quanto à maternidade ou à paternidade. Alguém que diz ter voltado a morar em sua cidade de origem para cuidar dos pais que estão velhinhos mostra que tem uma relação, e isso pesa em uma decisão de contratação”, exemplifica.
Quais habilidades os papais e mamães geralmente desenvolvem
Na opinião de profissionais de recursos humanos, as seguintes habilidades são estimuladas após o nascimento de uma criança (ao lado do item está a porcentagem que concorda com o fator de desenvolvimento), conforme pesquisa da consultoria Career Builder:
•Paciência –68%
•“Multitarefas” – 61%
•Gerenciamento do tempo – 57%
•Gestão de conflitos – 51%
•Resolução de problemas – 50%
•Empatia – 43%
•Treinar pessoas – 42%
•Negociação – 36%
•Gerenciamento financeiro – 36%
•Gerenciamento de projetos – 25%
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