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A CF 2014 e a sensibilização para a preservação da dignidade humana

A Campanha da Fraternidade no Brasil vem apresentar para toda a sociedade um problema social e teológico, com seu lema: "É para a liberdade que Cristo nos libertou" (Gl 5,1). Por que ainda perdura a escravidão? Como identificá-la e tratá-la para seu fim, para que o ser humano tenha dignidade?

Como a Igreja Católica faz todo ano, lança na Quarta-Feira de Cinzas esta campanha para uma sensibilização maior e para uma ação eficaz – não somente paliativa, mas com objetivo de transformação e promoção de uma cultura distante da opressão, do engano e da ilusão, para a preservação da dignidade humana, dom de Deus ao serviço da vida.

Chama-nos atenção que o comércio do tráfico gera lucros estimados em US$ 30 bilhões por ano. Um lucro com manchas de sangue e exploração de muitas vítimas em todo o mundo. São várias rotas de tráfico no Brasil e no mundo, que revelam crimes silenciosos, aliciamentos e ofertas irrecusáveis. São realidades de exploração opressoras que geram vítimas para a prostituição, o tráfico de órgãos, a exploração no trabalho e o tráfico de crianças. São vítimas exploradas nos sonhos de uma vida melhor que acabam caindo em teias de mentira, ilusão e sofrimento.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, apresenta o reconhecimento da dignidade inerente a todos os seres humanos e seus direitos inalienáveis à liberdade e à paz no mundo. "O direito ao exercício da liberdade é uma exigência inesperável da dignidade humana", diz a declaração. Cada pessoa é singular e é chamada a exercer sua vocação pessoal no mundo, no desejo de busca da verdade, na profissão de suas ideias religiosas, manifestando suas próprias opiniões, assumindo seu trabalho. Todo esse contexto em um ambiente criado de acordo com as leis nos limites de cada um e do bem comum, da ordem pública sob a tutela da responsabilidade.

O que a CF 2014 deve provocar na Igreja e em toda a sociedade? Acreditamos que seja o dever de todos os cristãos denunciar todas as formas de exploração, solicitando uma ação de combate mais eficaz por parte do poder público em nosso país. Outro objetivo é promover ações de prevenção e cidadania, principalmente entre crianças e jovens vulneráveis a essas atividades criminosas. A motivação tem origem na palavra de Deus, que leva à conversão e ao interesse em melhorar nossa sociedade diante do caos em que nos encontramos.

José foi vendido e traficado para o Egito (Gn 37, 12-28). Hoje muitos Josés e Marias, próximos de nós, continuam sendo vendidos e enganados. Fiquemos atentos a toda essa exploração, principalmente no que se refere ao turismo sexual, nesses meses que antecedem a Copa 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Que Deus seja nossa força para a superação da miséria e da ganância, fatores determinantes que ceifam vidas e deixam campos minados no meio da existência humana.

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