Billy Mariano da Luz pensou até estar num universo paralelo quando o britânico Charlie Brooker, criador de “Black Mirror”, retuitou vários trabalhos seus. Eram artes que o designer tinha feito sobre a série, uma de suas favoritas da Netflix. Baseadas em histórias em quadrinhos de terror dos anos 1970, as imagens nasceram por pura diversão. E como se não bastasse replicá-las, Charlie enviou a Billy uma mensagem direta pelo Twitter, querendo comprá-las para colocar em seu escritório. “No início, pensei até que era um perfil fake”, lembra o ilustrador.
O curitibano de 39 anos que, na internet, utiliza o pseudônimo Butcher Billy, respondeu que não venderia as artes e que seria uma honra poder imprimi-las e enviá-las de presente. Foi o que fez. Semanas depois, Charlie ligou agradecendo e o convidou para elaborar desenhos que sairiam em dois episódios da quarta temporada de Black Mirror. Além disso, propôs que as artes já feitas estampassem dois discos da trilha sonora da série – em CD e em vinil. O artista não pensou duas vezes para aceitar e assinou um contrato de confidencialidade com a Netflix.
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Até o lançamento da 4.ª temporada, prevista para o começo do ano que vem, Billy não pode dar mais detalhes do trabalho – para não estragar nenhuma surpresa referente à série – e confessa estar mais ansioso do que nunca pela estreia. “Até falei para o Charlie Brooker que isso tudo era muito Black Mirror, mas acho que ele não entendeu”, conta rindo o ilustrador.
Novo contrato
A parceria com a gigante do streaming não parou por aí. Pouco tempo depois, Billy criou um pôster para cada episódio da segunda temporada de “Stranger Things” – nove, no total. Foram montados como se cada um fosse uma capa de um livro do Stephen King, com um aspecto funesto e retrô.
A ideia veio depois que o curitibano fez o mesmo com músicas românticas dos anos 1970 e 1980. Ele imaginou livros do escritor com nomes do tipo: “How deep is you love”, “I will survive”, “ Bizarre love triangle” e “Total eclipse of the heart”.Depois, publicou nas redes sociais. ”Fiquei surpreso com a repercussão. Foi compartilhado por várias pessoas”, conta.
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A peripécia seguinte foi recriar estas artes, mas como capas de jogos de Atari. Quer coisa mais anos 80? Pois esta era exatamente a proposta do designer: unir a estética sombria da série a elementos de época, também comuns ao seriado.
E não é que o trabalho chamou a atenção até do pessoal da Netflix? Logo, Billy recebeu um e-mail da assistente de design da empresa para outra missão. Desta vez, era para “Stranger Things”, série da qual o curitibano também é fã.
Em seu mais novo contrato com a companhia, o designer ficou responsável por desenhar produtos oficiais, como camisetas e uma boia de piscina no formato de waffle, em homenagem à personagem Eleven que, para quem não sabe, gosta muito desse tipo de bolacha.
Trabalho dos sonhos
Billy conta que tem adorado a experiência de trabalhar para suas duas séries prediletas e sente estar realizando um grande sonho. “Sempre costumam dizer: se você quer ser feliz, não conheça os seus heróis. Mas com a Netflix, eu não me decepcionei. O método com que eles trabalham é muito organizado”, diz.
O curitibano diz receber briefings bem precisos e acha vantajoso poder colaborar com a empresa por meio de artes cuja estética tem tudo a ver com seu estilo. “É bom porque eles me chamam para projetos que casam com o perfil do meu trabalho. Talvez o que eu faço não desse certo em outra série. Mas, para “Stranger Things” e “Black Mirror” funciona”.
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E será que o pagamento é bom? Billy, que faz freelances para empresas no mundo todo, garante que sim. “Dá até para tirar umas férias depois de fazer um trabalho para eles”, revela.
Mas não é isso que Billy pretende, pelo menos não nos próximos meses. O curitibano, que se formou em Design pela PUCPR e abandonou o emprego de carteira assinada depois de anos no setor privado para investir no viés artístico dos seus desenhos, tem se envolvido em vários trabalhos, além do que fez para a Netflix – e todos internacionais.
Um deles é para o cinema – área na qual o artista se aventura pela segunda vez, já que chegou a fazer um pôster para a Agência Nacional de Cinema, a Ancine – uma capa comemorativa do filme Tropa de Elite. Agora, ele é responsável pela capa de um disco preparado para o lançamento de um clássico de terror dos anos 1970 que deve chegar ao cinema em 2018. O nome da empresa e do longa ainda são segredo. Mas vale a pena esperar para ver mais um destaque do curitibano que tem usado sua arte e a internet para construir uma promissora carreira internacional.
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