Em meio à revolução de dados global, um levantamento do site CareerCast elegeu a profissão de estatístico como a melhor de 2017 nos Estados Unidos. Já por aqui, o baixo número de profissionais graduados não dá conta da demanda, uma ótima notícia para quem está começando a carreira de estatístico ou querendo mudar de área na profissão.
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De acordo com os últimos dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2015 as universidades brasileiras ofertavam 1.789 vagas em cursos de graduação em Estatística, mas tiveram apenas 453 formados.
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“Se considerarmos, de forma bem simplificada, que ‘evasão’ é o gap que existe entre vagas oferecidas e número de concluintes, podemos dizer que a ‘evasão’ média dos Bacharelados em Estatística é de 75%, ou seja, de cada quatro que ingressam no curso, apenas um se forma”, explica Doris Fontes, presidente do Conselho Regional de Estatística da 3ª Região (Conre-3), que representa os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Lacuna no mercado
Outro número que impressiona é a ausência de variação significativa no número de graduados ao longo dos anos. O número de profissionais capacitados no Brasil permaneceu estável entre 2005 e 2015, caindo 1% nesse período. Já nos Estados Unidos, de acordo com dados da Associação Americana de Estatística, o número de graduados cresceu 382% no mesmo período – 603 estudantes se tornaram bacharéis em estatística em 2005 e 2.305 se graduaram em 2015.
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Esse boom da profissão é justificado pelo crescimento exponencial da reserva de dados disponível atualmente e pela evolução das ferramentas disponíveis para explorá-los. Apesar de ser difícil mensurar, especialistas ouvidos pela BBC acreditam que cerca de 90% dos dados existentes atualmente foram criados nos últimos anos. Essas informações podem ser usadas por empresas, governos e institutos de pesquisa, mas falta quem tenha conhecimento para analisá-las.
O Conre-3 mantém um grupo no Facebook, o StatJobs, destinado a divulgação de vagas de emprego na área, no qual são postadas aproximadamente 50 oportunidades por semana.
“Isso dá algo em torno de 2,5 mil oportunidades por ano para 450 formandos. E essas oportunidades são apenas parciais, já que não postamos aquelas exclusivas de alguns grupos grandes de RH, como a Catho. Isso significa, a grosso modo, que a cada cinco ou seis [vagas] anunciadas, só uma será efetivamente preenchida por estatísticos”, conta Doris.
Possibilidades vastas de atuação
Quando o assunto é a atuação de estatísticos, muita gente pensa imediatamente no Censo e no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas as possibilidades vão muito além. O profissional coleta, analisa e interpreta dados numéricos que podem dizer respeito a fenômenos naturais, econômicos ou sociais. Por isso, o trabalho vai desde a análise de crédito em bancos até a ocorrência de contaminantes em alimentos, por exemplo.
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“A estatística está em alta porque, com o avanço da tecnologia e do número de dados que pode ser obtido facilmente, todas as tomadas de decisões são baseadas em dados”, explica a professora do departamento de Estatística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Hildete Prisco Pinheiro.
Doutora em Bioestatística pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a própria tese de doutorado da pesquisadora, sobre variabilidade de modelagem no genoma do HIV, trata de uma área que, normalmente, não ligamos à estatística.
Habilidades necessárias
Ainda que seja fortemente carregada de matemática, a área é altamente multidisciplinar, já que os mais diferentes setores precisam de análise de dados. “Nesses dez anos como estatístico, já fiz análises na área de Engenharia, Finanças, Educação, Jornalismo, Zoologia, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Psicologia, Odontologia, Educação Física… e essas são apenas as que eu lembrei de cabeça”, escreve o doutorando em Estatística pelo Instituto de Matemática e Estatística da USP William Amorim no blog da empresa de capacitação para estatísticos Grupo-R.
A coordenadora do curso de Estatística da Unicamp, Samara Flamini Kiihl, lembra que, além da habilidade com números e da vontade de aprender sobre diversas áreas, o estatístico também precisa saber ter boa comunicação. É isso que vai garantir que ele consiga explicar os resultados encontrados não só em forma de relatório técnico, mas também de maneira clara para quem não está familiarizado com a linguagem metodológica.
Remuneração
Como não há um piso salarial nacional, não é tão simples estimar quanto os profissionais estão ganhando. Segundo informações do Conre-3, dependendo da carga horária e da cidade, a remuneração de estagiários vai de R$ 850 a R$ 2,5 mil e, de trainees, de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Profissionais em nível júnior recebem entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil.
Em São Paulo, cargos intermediários e de gerência de projetos pagam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil mensais. Já os profissionais encarregados pela supervisão ou diretoria de setores podem ganhar entre R$ 8 mil e R$ 30 mil. Ainda de acordo com o conselho, profissionais liberais cobram entre R$ 120 e R$ 400 por hora de consultoria técnica em estatística.
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