Quando começou a se interessar pela profissão de cientista de dados, Paulo Vasconcellos não encontrava muito conteúdo on-line em português sobre o assunto. Foi assim que teve a ideia de, uma vez consolidado na profissão, criar um blog e produzir o tipo de informação que tanto buscou. Em seu perfil na plataforma de hospedagem de textos Medium, ensina “do básico ao avançado sobre Ciência de Dados e Machine Learning para aqueles que querem se especializar nessa área em crescente demanda”.
A demanda é crescente à medida que são criadas cada vez mais posições para esses profissionais no mercado. Estatísticas de 2015 da empresa RJ Metrics mostram que 52% dos cientistas de dados no mundo receberam esse título nos quatro anos que antecederam o levantamento. Em janeiro, um dos maiores sites de emprego do mundo, o Glassdoor colocou a profissão de cientista de dados em primeiro lugar pelo segundo ano consecutivo com o melhor emprego no país.
No Brasil, segundo o Guia Salarial 2017 da consultoria Robert Half, enquanto a crise econômica enxuga a remuneração de muitas áreas, entre 2016 e 2017 o salário de cientista de dados cresceu 8,1%, podendo variar entre R$ 12 mil e R$ 28 mil. As possibilidades de atuação estão nos mais diversos setores, como finanças, educação, saúde, agricultura, geologia e indústria. Basicamente, qualquer empresa que gere dados pode contratar um profissional para analisá-los e tomar decisões com base em informação, não intuição.
Foco em matemática e computação
“O Brasil está entre os grandes produtores e consumidores de informação e, de uma maneira geral, tem iniciativas nessa área pipocando no mundo todo”, afirma o professor do mestrado em Modelagem Matemática da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV EMAp) Renato Souza. Antes mesmo do artigo da Harvard Business Review que coroava a profissão como “o trabalho mais sexy do século 21”, o curso da FGV estava capacitando seus primeiros especialistas na área, composta pela confluência de três competências: matemático, computação e habilidade de análise para mesclar as duas coisas.
“Essa matemática é basicamente composta por probabilidade e estatística, álgebra linear e otimização de sistemas. Na área da computação existe uma grande contribuição da área de visualização de informações, bancos de dados, sistemas distribuídos e computação científica”, explica o professor, destacando a importância da base matemática para quem tem interesse em ingressar na profissão em ascensão.
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Os avanços tecnológicos que criaram equipamentos largamente utilizados atualmente possibilitam a coleta, acúmulo e análise de dados em dimensões que não existiam há uma década. “A teoria da área evoluiu, mas a disponibilidade de plataformas também permitiu que essa área crescesse como cresceu”, aponta.
Formação à distância
Outro exemplo de capacitação acadêmica disponível para quem quer entrar na área, nos níveis de mestrado e doutorado, é o Programa Pós-Graduação em Ciências de Computação e Matemática Computacional do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC USP). A maior parte de cursos, porém, é de educação a distância - em que profissionais que estão no mercado, como Paulo Vasconcellos e Bernardo Aflalo, começaram.
Cientista de dados na TOTVS, Aflalo decidiu abandonar a profissão de engenheiro mecânico quando, trabalhando na Embraer, percebeu o impacto de modelos preditivos. Depois de muitos cursos online, hoje ele atua desenvolvendo tecnologias de inteligência artificial na empresa e faz doutorado na área no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
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“Existem muitos cursos, com os melhores profissionais do mundo, muito didáticos, em plataformas online. Uma dica para quem quiser começar nesse tipo de profissão é ir por aí e só depois ir para mestrado, doutorado ou MBA”. Há, inclusive, muitos cursos gratuitos em níveis iniciais que são ideais para quem quer explorar a ciência de dados.
Algumas plataformas com várias opções de cursos online na área são o MOOC, a Udacity e o Coursera.