Depois da primeira reunião técnica em Eldorado (MS) - onde foi descoberto o foco de febre aftosa - surgiu uma nova hipótese para a origem da doença: os assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) localizados nas proximidades do município. As suspeitas, segundo fontes do governo federal envolvidas nas investigações, são da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) de Mato Grosso do Sul, a partir de informações de veterinários que viram animais com cicatrizes da doença em um dos assentamentos.
Outra linha de investigação para a origem do mal é o Paraguai, pois a fazenda Vezozzo, onde foram encontrados animais contaminados, fica a cerca de 30 quilômetros do país vizinho. Os técnicos também não descartam a possibilidade do surgimento de um vírus mutante, resistente à vacina, e aguardam resultados de exames laboratoriais.
Segundo técnicos do Ministério da Agricultura, todos os animais contaminados foram vacinados e acompanhados pelo Iagro. Com isso, ganha força a hipótese de que a causa do problema esteja nos rebanhos do MST. A presença de representantes do governo do Paraguai na reunião do grupo técnico também sinaliza que a doença pode ter imigrado para o Brasil. São quase 700 quilômetros de fronteira seca, por onde são contrabandeados vários produtos e passam muitos animais. A arroba do boi paraguaio é bem mais barata.
- Isso está sendo investigado - disse o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura , Gabriel Maciel.
Até a noite desta quarta-feira, 34 países já tinham declarado embargo total ou parcial às exportações de carne brasileira: os 25 da União Européia mais Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia, Rússia, Israel, África do Sul e Bulgária. Com isso, oito dos dez maiores clientes do Brasil já suspenderam as compras temporariamente.
Caso esses embargos se caracterizem em bloqueio, 60% das exportações brasileiras de carne podem ficar comprometidas, segundo estimativas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, anunciou em Mato Grosso do Sul a liberação de R$ 3,5 milhões para os trabalhos na área de sanidade animal no estado, principalmente no combate à febre aftosa. Mas ele não se comprometeu a divulgar um prazo. Numa visita surpresa nesta quarta-feira, o ministro chegou a Campo Grande por volta das 9h e foi de avião para Eldorado, a 430 quilômetros da capital, para inspecionar o serviço de vigilância sanitária na região da fazenda Vezozzo. Perguntado pelo fazendeiro Fábio Bastos sobre o pagamento de indenizações àqueles que tiverem gado sacrificado, o ministro disse que não poderia dar garantias:
- Depende de caixa.
Coube ao secretário estadual de Produção e Turismo, Dagoberto Nogueira Filho, tranqüilizar os ruralistas. Ele afirmou que as indenizações serão pagas com recursos do Fundo Emergencial da Febre Aftosa (Fefa).
Na fazenda Vezozzo, foi confirmado que 153 animais contraíram a doença. Todos os 582 bovinos da fazenda já foram sacrificados e enterrados em valas na fazenda.
O secretário de Defesa Agropecuária também foi a Eldorado e evitou falar sobre liberação de dinheiro.
Rodrigues sobrevoou a região da fazenda, vistoriou no município uma das barreiras sanitárias montadas e reuniu-se com os produtores e as equipes que estão atuando para evitar que a doença se alastre. Desde o fim de semana, está proibida a movimentação de animais e a comercialização de produtos ou subprodutos de origem animal em cinco municípios vizinhos a Eldorado: Japorã, Mundo Novo, Iguatemi e Itaquiraí. Mais de cem homens estão trabalhando em 21 barreiras num raio de 25 quilômetros da fazenda Vizozzo.
O ministro não quis se aprofundar nas análises sobre o que teria provocado o foco de febre aftosa no estado. Ele disse que é necessário estudo técnico sobre o assunto, mas autoridades do estado têm cogitado a possibilidade de um ato criminoso, de bioterrorismo. Esse assunto, segundo o diretor da Iagro, João Cavallero, está sendo discutido inclusive pelo Centro Panamericano de Febre Aftosa, que enviou técnicos a Eldorado.
Cavallero afirmou que não existe qualquer suspeita de foco de aftosa em Mundo Novo, que faz divisa com o Estado do Paraná. Segundo ele, foi detectada uma suspeita da doença em Japorã, na fronteira com o Paraguai. Foram coletados materiais de animais com sintomas de aftosa que serão analisados pelo laboratório do Ministério da Agricultura em Belém. Um problema administrativo retardou o envio do material, que só seguiu ontem para a capital paraense. Não se sabe quando os resultados do exame serão entregues.
Nesta quinta-feira, o governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, vai se reunir com o Rodrigues em Brasília. Devem participar dessa reunião líderes rurais e parlamentares de Mato Grosso do Sul. Amanhã, secretários de Agricultura de todos os estados considerados áreas livres da febre aftosa vão se reunir em Brasília para tomar medidas conjuntas e evitar o isolamento de Mato Grosso do Sul.
- Ministro visita estado onde foi detectada febre aftosa e promete recursos
- Embargo da UE pode afetar 60% das exportações
- Sobe para 32 número de países que suspenderam importação da carne bovina do MS
- Argentina suspende importação de carne brasileira
- Europa também suspende compra de carne brasileira
- Sem exportação, carne tende a ficar mais barata no Brasil
- Vários países suspendem importação de carne brasileira
- Israel, África do Sul e Inglaterra suspendem importação de carne
- Começa abate de animais com febre aftosa no MS
- Rússia suspende importação de carne do Mato Grosso do Sul
- Mais um município de MS sob suspeita
- Pecuarista paranaense é dono de gado infectado
- Paraná fecha divisa com MS para impedir entrada da aftosa
- Deputado diz que país pode ter prejuízo de US$ 5,9 bi
- Deputado da bancada ruralista culpa área econômica pelo foco de aftosa
- Confirmado foco de febre aftosa na divisa com o Paraná
Reforma tributária eleva imposto de profissionais liberais
Dino dá menos de um dia para Câmara “responder objetivamente” sobre emendas
Sem Rodeios: José Dirceu ganha aval do Supremo Tribunal Federal para salvar governo Lula. Assista
Além do Google, AGU aumenta pressão sobre redes sociais para blindar governo