Depois de dias e dias de queda do dólar, o mercado de câmbio pode ter iniciado um processo de ajuste. A moeda americana, que na quarta-feira já havia subido 0,78%, encerrou a manhã desta quinta em alta de 1%, cotada a R$ 2,214 na compra e R$ 2,216 na venda. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) enfrenta instabilidade e recuava 0,33% às 13 horas, aos 32.649 pontos.
Parte do mercado de câmbio atribui a alta do dólar a uma realização de lucros, mas analistas afirmam que o movimento significa mais que isso. A notícia de que as posições vendidas dos bancos quase triplicaram entre outubro e novembro levou algumas instituições a reduzir essas posições, corrigindo os excessos. O receio é que alguma notícia não tão boa afete o mercado e haja uma corrida à zeragem de posições.
O Banco Central continua a comprar dólares nos mercados à vista e futuro. Nesta quinta, a autoridade já promoveu um leilão de 12.500 contratos de swap reverso, que equivalem a uma compra de dólares futuros. À tarde, o BC provavelmente irá comprar dólares também no mercado à vista.
De acordo com Sidnei Moura Nehme, diretor da corretora NGO, não são essas operações do BC que pressionam o dólar. Ele atribui essa espécie de realização de lucros à cautela com a proximidade do final do ano e a possibilidade de mudanças na política monetária.
- Há incertezas no mercado quanto aos passos seguintes do governo na política monetária e isso provoca mudança de humor que leva à zeragem de posições, e à conseqüente realização de lucros - disse ele, ressaltando que é mais sensato para os bancos reduzir posições em ambiente tranqüilo.
A Bovespa também passa por um momento de ajustes, tendo a contribuição da alta do dólar e a queda das bolsas americanas. A realização de lucros também começou na quarta-feira. Entre as 57 ações do Índice Bovespa, as maiores baixas são de Copel PNB (-2,80%) e Itausa PN (-2,70%). As altas mais significativas do índice são de Telemig Participações PN (+3,29%) e Klabin PN (+2,43%).