Num momento de fragilidade política do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o PSB, partido da base aliada, organizou um seminário sobre política econômica que deu espaço para críticas diretas e indiretas ao ministro. O próprio vice-presidente da República, José Alencar, participou do seminário e atacou a política econômica conduzida por Palocci, especialmente a taxa de juros. Alencar disse as promessas de campanha do presidente Lula ainda não chegaram ao poder e que o país está perdendo tempo hábil para o desenvolvimento.
- O nosso discurso não assumiu o poder. É circunstancial? É circunstancial. Ainda dá tempo, mas não é tempo de irresponsabilidades na economia. Ao contrário, irresponsabilidade é tratar a administração orçamentária como tem se tratado. O orçamento é altamente deficitário em razão dos juros estratosféricos, despropositados - disse Alencar.
Alencar explicou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao assumir o governo, teve que adotar uma política econômica rígida porque havia um cenário desfavorável com perspectiva de aumento de inflação e desequilíbrio nas contas públicas. Mas afirmou que é preciso aproveitar a recuperação econômica para levar o país ao lugar que ele merece entre os países desenvolvidos.
- Deveríamos aprender com os ingleses. Time is money. Tempo é dinheiro. Estamos perdendo um grande tempo de recuperação da economia para colocar o Brasil no patamar que lhe pertence e que os brasileiros merecem no campo social e de certa forma têm condições de conquistar - afirmou.
Durante o seminário, o vice-presidente disse que uma das características do brasileiro é ser pacato e afirmou que os brasileiros são pacatos demais. Ele disse, inclusive, achar que o início da segunda parte do hino brasileiro deveria mudar e contou que, quando era estudante, sugeriu isso a uma professora e foi repreendido por ela.
- A professora zangou comigo porque eu queria mudar um pedacinho do hino. Eu fiquei complexado. Em vez de deitado eternamente em berço esplêndido deveria ser desperto e vigilante em solo esplêndido. Pode ver, a métrica dá certinho - disse Alencar, que cantou o hino com a sugestão de mudança.