Chegar à aposentadoria não significa necessariamente "pendurar as chuteiras". Especialistas ressaltam que a atividade exercida durante toda a vida pode chegar ao fim, mas o momento pode ser o começo de novos projetos, como o próprio negócio ou a prestação de consultoria na área em que o profissional é especializado.
A diretora de uma das lojas da rede de supermercados Mercadorama Maria da Penha dos Reis trabalha há 29 anos na mesma empresa e em 2012 vai se aposentar apenas formalmente, porque suas atividades vão continuar iguais. "Este foi o meu primeiro emprego, comecei como balconista e sei que ainda tenho muito a oferecer. Vou me aposentar porque este é um direito meu, mas vou continuar a trabalhar. O meu emprego faz parte da minha rotina, do meu bem-estar", conta Maria da Penha, que tem 45 anos.
De acordo com especialistas, a aposentadoria hoje não é sinônimo de tricô para as mulheres e xadrez para os homens. Com o aumento da expectativa de vida, mesmo que a aposentadoria chegue cedo, como no caso de Maria da Penha, ela é postergada em anos à frente. "A aposentadoria não é uma parada, ela marca uma nova etapa. Muitos continuam trabalhando e recebem o benefício, que foi um investimento compulsório. Aos 60 anos a pessoa tem ainda muito o que contribuir à sociedade", explica Edmar Gualberto, diretor da ABRH-PR e consultor de recursos humanos.
Maria da Penha tem em mente que ainda é muito jovem para parar e colocou como meta continuar a trabalhar. "Hoje tenho 45 anos e pelos próximos 15 anos tenho certeza que eu vou continuar trabalhando. Comecei há pouco a investir em um plano de aposentadoria privada para complementar a renda", ressalta.
Esse é um dos pontos que mais pesa na hora de um profissional que chega à idade de se aposentar escolher parar de trabalhar: o valor do benefício. "A maioria dos profissionais não para de trabalhar, geralmente porque a aposentadoria que é paga não cobre as despesas", lembra Carla Virmond Mello, diretora da ACTA e da DBM.
A realização profissional é outro ponto que influencia a escolha, diz Carlos Contar, da Business Partners. "O profissional aposentado pode buscar realização profissional, porque tem tranquilidade para fazer escolhas."
Opções vão de negócio próprio a consultoria
Se o profissional escolher continuar na ativa, é preciso identificar o que será feito quando a aposentadoria chegar. Ele pode permanecer trabalhando na mesma empresa, pensar em prestar serviço para corporações com perfis semelhantes ao daquela em que ele atuou ou abrir uma "empresa dos sonhos". O importante é se planejar.
"Quando a pessoa está em vias de se aposentar, ela precisa se preparar para este momento. Em um trabalho é possível buscar mais prazer e menos desprazer, mas é preciso planejar essa fase", explica Edmar Gualberto, diretor da ABRH-PR e consultor de Recursos Humanos.
É o que está fazendo Maria da Penha, que vai começar a receber aposentadoria no ano que vem, mas continuará na ativa: ela já sabe o que quer alcançar nos próximos anos. "Minha empresa me dá oportunidade de crescimento e tenho metas para estes próximos 15 anos: quero mais duas escaladas dentro da empresa, seja aqui ou em outro país, além de aprimorar o meu inglês. Não me dou por satisfeita e tenho muito a contribuir", afirma.
Outra maneira de continuar trabalhando em áreas correlatas é prestar consultoria para a empresa em que se está atuando com isso, não há a obrigatoriedade formal de estar na organização todos os dias. "O mercado está vendo estes profissionais com bons olhos, aproveitando-os como mentores ou conselheiros. Há ainda aqueles que estão montando seus próprios negócios, aqueles que perceberam que algo pode ser melhorado e agora querem oferecer esse serviço. O profissional pode ficar atento àquilo que não estava funcionando muito bem em sua rotina e ver nisso uma oportunidade de negócio. Essas são boas opções porque ainda estão dentro da zona de conforto, não exige tanto risco", ressalta Carla Virmond Mello, diretora da ACTA e da DBM.