A necessidade das empresas de estarem cada vez mais próximas dos seus consumidores está alavancando uma nova carreira: a de cientista de big data ou Chief Data Officer (CDO), profissional capaz de analisar grandes volumes de dados digitais e transformá-los em informações úteis às companhias. Até pouco tempo, o turbilhão de dados dispersos na rede e em bancos de dados era praticamente ignorado pelas companhias, mas hoje a área de big data tem importância estratégica para os negócios.
Boa parte dessa importância se deve ao aperfeiçoamento dos sistemas de busca e processamento desses dados gerados a partir do comportamento dos consumidores em sites, pontos de venda, antenas de celulares, GPS, conteúdo das redes sociais. As empresas passaram a demandar profissionais capazes de analisar essa massa de dados não estruturados e traduzir essas informações em oportunidades de negócio. O desafio desses profissionais, segundo especialistas, é extrair informações relevantes de um volume cada vez maior de dados gerados numa velocidade incrível.
A adesão crescente das empresas às técnicas de big data para incrementar o negócio aqueceu o mercado de trabalho. Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado (Ibramerc), no ano passado, com 326 empresas no Brasil, apontou que essa prática deverá crescer 65% nos departamentos de marketing dessas corporações e 16% na área de TI.
"A procura das empresas é maior do que a disponibilidade de profissionais. As companhias acabam formando seus próprios talentos. Trazem alguns com algumas competências e vão desenvolvendo as demais", explica Humberto Wahrhaftig, headhunter da área de TI da Michael Page.
Segundo Wahrhaftig, além do cientista de big data que desenvolve os softwares para processar os dados, o mercado também está em busca de um novo profissional ligado a essa área: o analista de negócios. "É ele que faz a ponte entre a linguagem de dados e a linguagem comercial. Apesar do perfil mais técnico, o analista entende bem dos dois mundos", diz.
Na Região Sul, as maiores oportunidades estão em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. "Em Florianópolis, são empresas com foco na prestação de serviços de big data, ao contrário do Rio Grande do Sul, onde as empresas procuram profissionais para estruturar equipes próprias", explica Wahrhaftig. O mercado paranaense, segundo ele, é mais semelhante ao gaúcho, mas ainda absorve menos.
Formação
Hoje, a maior parte dos profissionais que trabalha com big data tem formação na área de Tecnologia da Informação (TI), sobretudo pela exigência de habilidades técnicas em linguagens de TI e programação. Mas a área também absorve profissionais de exatas, como matemática, física e estatística. "Entre as competências exigidas desses profissionais estão capacidade analítica, visão de negócios, planejamento estratégico, colaboração interpessoal e visão de longo prazo", detalha Daniel Garbuglio, diretor da Experis, empresa especialista em soluções de pessoas e projetos orientado para TI, que pertence ao ManpowerGroup.
A grande demanda por esses talentos se reflete nos salários. "Um profissional com larga experiência chega a ganhar mais de R$ 30 mil por mês", afirma Garbuglio. O salário inicial para um analista de negócios que está começando na área varia de acordo com o tamanho da empresa e com a importância que ela dá ao setor de big data, mas costuma ficar entre R$ 4 a R$ 5 mil, segundo o headhunter da Michael Page.